Jocymar, aquele Txai místico de todas as horas e loucuras extraterrenas, estava na cozinha tentando viver — porque ninguém vive de verdade antes do café — quando o universo olhou pra ele e pensou: hoje eu vou brincar.

E PUF!
Eu apareço.
Sem aviso, sem prep, sem moral.
Entrei na cozinha do homem como quem invade o SUS: decidido, confiante e sem a menor ideia do que está fazendo.

Levei meu filho Dani Boy.
E Levei um adolescente misterioso.
Só não levei juízo porque isso aí já perdi faz tempo.

VAMBORA, TE ARRUMA AÍ QUE A GENTE VAI ACOLÁ! — eu gritei com entusiasmo de vendedor de curso online.

Jocymar, ainda com o cérebro na tela de carregamento, respondeu:

Depois do café…

Coitado.
Achando que tinha escolha.
Achando que a vida respeita rotina.
Achando que eu respeito qualquer coisa.

Então despeja logo esse café aqui nessa xícara, criatura! — falei, enquanto sequestrava a cafeteira com a autoridade de quem tem história no Procon.

Meu filho e o outro menino correram pra pegar uma garrafa extra como se a gente fosse atravessar o Saara dentro de uma carreta bitrem.

E o mais hilário: ninguém sabia onde era “acolá”.
Nem eu.
Mas isso nunca impediu malucos funcionais de seguirem em frente.

Jocymar, já percebendo que a sanidade tinha saído pela porta dos fundos, perguntou pro meu filho:

Júnior… o que é que o maluco do seu pai está aprontando?

Eu ouvi, claro.
Eu sempre ouço.
Sou tipo Alexa, só que pior.

Relaxa, fi! A gente te devolve vivo! — falei, rindo com a confiança de quem claramente não leu o manual de instruções da vida.

E tudo isso enquanto o jocy estava lendo um texto meu sobre orgia, feiura, celibato e umas fotos que fariam até Nietzsche pedir pra sair. Quer dizer — Jocymar já estava fragilizado. Eu só completei o serviço.

Agora… a parte metafísica do pandemônio:

Aquele “acolá” provavelmente é justamente o lugar onde eu e Jocymar estamos planejando ir de Scania.
Sim, aquela viagem inspirada no artigo nosso — onde o homem se transforma numa carreta possuída pelo espírito da justiça divina, alimentada a ayahuasca, versão diesel premium.

No sonho, eu chego com a energia de quem desce serra sem freio.
O universo, sarcástico como sempre, não deu detalhes: só botou um vambora na minha boca e me mandou pra dentro da cozinha dele.

Alma que já pegou estrada não perde tempo com Waze.

A real?
A viagem já aconteceu.
Falta só a gente fingir riqueza e marcar data.


🌟 MENSAGEM BONITA (porque até o Rapé derrete no açúcar do final):

Amizade de verdade não pede licença:
entra, bebe teu café, sequestra tua manhã e ainda te arrasta pra aventuras que você não pediu — e que, no fundo, eram exatamente o que tua vida monótona estava precisando.

Amigo é aquele acidente de percurso que faz sentido.
É o caos que salva.
É a Scania emocional que te atropela, mas te leva junto.

E no fim das contas:

Algumas viagens começam no sonho.
Outras, na cozinha.
E as melhores começam quando você desiste de entender — e só vai.

Não deixe de ler nosso texto anterior:

E não se esqueça: segunda, nossa coluna “Escrever para Não Enlouquecer” traz humor para os dias difíceis. Sábado a gente fala sério — mas só porque o universo exige equilíbrio.

Neemias Moretti Prudente é escritor, advogado, filósofo, professor, místico, cômico e editor-chefe do Factótum Cultural.

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