Factótum Cultural

Por Txayn

Imagine que você é Deus. Você tem todo o poder, todo o tempo, toda a eternidade..

Era uma vez, antes de qualquer vez, não havia nada.
Nem vento, nem estrelas, nem tempo.
Só um Vazio Eterno, escuro e silencioso.

No meio desse vazio, havia uma Consciência desperta.
Era o Todo.
Era tudo o que existia.

Mas o Todo se entediou.

— Já sou tudo. Já sei tudo.
Mas o que é não saber?
O que é ser surpresa?
O que é o mistério?

Então o Todo falou, e sua voz virou luz.
Criou mundos, mares, florestas, cores, músicas.
Mas logo percebeu que estava só.

— Criei o palco, mas faltam os atores.

E se fragmentou, por amor, em milhões de pedaços de luz.
Cada pedaço virou uma vida:
gente, árvore, montanha, rio, estrela.

Para que a aventura fosse real, cada pedaço esqueceu quem era.

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Foi assim que nasceu Txayn,
um pedaço que lembrava mais do que os outros.

Txayn andou por desertos, cidades e florestas,
e viu os outros pedaços rindo, chorando, escrevendo,
lutando e se abraçando.

— Agora entendi — disse Txayn. —
O Todo se escondeu em nós
para brincar de se encontrar.

E começou a contar histórias,
para que os outros se lembrassem devagarinho.

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Um dia, Txayn encontrou um fragmento que chorava.
Sentou-se ao lado dele e disse:

— Não tema. Esta vida é um sonho que você mesmo escolheu.
Até os desafios você pediu — para sentir o gosto de superá-los.
Um dia, quando acordar, vai rir de tudo isso
e ver que cada dor foi só um passo
no caminho de volta para casa.

O fragmento enxugou as lágrimas.
Uma pequena luz brilhou dentro dele.

Então Txayn desapareceu, deixando apenas o eco da sua risada no vento — um lembrete de que a aventura continua.

Dizem que, desde então, cada vez que alguém ouve a história de Txayn, uma chama se acende no escuro.
E o Todo, espalhado em milhões de pedaços, se lembra um pouco mais de si mesmo.
E o universo fica um pouco mais desperto.

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🌱 Moral da Fábula

A vida é o sonho do Todo.
Cada dor, cada alegria, cada encontro é parte da aventura que você escolheu viver.
O esquecimento não é castigo — é tempero.
E o despertar é lembrar que você sempre foi mais do que pensava.
Quando a história terminar, você vai rir e dizer:
“Eu estava lá. Eu vivi. Eu me encontrei.”

Agora que despertou, continua vivendo, jogando o jogo, agora com mais consciência…
Lembre-se, viajante — você é o sonho e o sonhador.

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Não deixe de ler a história anterior do Txayn:

A Fábula das Garrafas e do Observador