Eu, viciado (2024)

Introdução

A minissérie Eu, Viciado (Disney+, 2024), baseada na autobiografia de Javier Giner, é mais que um relato sobre dependência química. É um mergulho espiritual na escuridão humana — uma fábula moderna sobre queda, vício, cura e busca de sentido. Em seis episódios intensos, a obra revela que cada dependência é também metáfora da alma contemporânea: todos carregamos prisões invisíveis, sejam remédios, álcool, poder, status ou redes sociais.


A jornada de Javier Giner: a sombra exposta

O protagonista real da série, Javier Giner, não cria um personagem fictício — ele expõe a si mesmo. Viciado em álcool, cocaína e sexo, decide internar-se em uma clínica de reabilitação e transformar sua dor em narrativa.
No formato híbrido de documentário e drama, a série retrata sua luta interna, interpretada pelo ator Oriol Pla, enquanto a estética fragmentada — pôsteres rasgados, memórias cortadas — traduz visualmente a mente de um dependente em frangalhos.


Anais: a terapeuta como arquétipo da guardiã

No centro da trama surge Anais, terapeuta que acompanha Giner durante a reabilitação. Ela encarna o arquétipo da “guardião da travessia”: a figura que sustenta o herói quando ele não consegue mais caminhar.
Na linguagem mística, Anais é a psicopompa, a guia que segura a vela em meio à noite escura da alma. Ela representa todos que oferecem escuta, cuidado e firmeza — psicólogos, xamãs, amigos, mestres, familiares.


O vício como metáfora espiritual

“Eu, Viciado” não é apenas sobre drogas. É sobre o vício universal:

Cada vício é símbolo de um buraco interior, da ausência de sentido que a sociedade moderna tenta preencher com consumo. A série nos pergunta:
👉 Qual é o teu vício?


Um espelho para o buscador

No universo da Tela Mística, obras como Eu, Viciado são portais. Elas não falam apenas de Javier Giner — falam de nós.
O vício é o abismo que nos lembra da fragilidade. Mas também é o portal para a cura, porque só quem desce às sombras pode reconhecer a luz.

Assim como o herói mítico que enfrenta monstros internos, Javier transforma a própria queda em espelho coletivo.


Epílogo pessoal

Não falo só como espectador. Também caminhei entre álcool, drogas Z e ilusões. Não na intensidade devastadora de Giner, mas suficiente para provar do mesmo veneno.
Minha chave de cura veio pela floresta — ayahuasca, cogumelos, meditação — e pela mão estendida da minha família. Mais que tudo, veio da decisão íntima de buscar autoconhecimento e uma nova consciência, sobretudo espiritual.

Essa série, para mim, não é apenas TV. É um lembrete de que a queda pode ser o início do voo.


Chamado ao leitor: qual é a sua prisão invisível?

“Eu, Viciado” deixa uma pergunta aberta:
— Do que você é dependente?
E mais:
— Está disposto a atravessar o abismo para encontrar a luz?


Conclusão

A série Eu, Viciado (Disney+) é mais que uma obra audiovisual sobre dependência química: é um rito de passagem, um manifesto humano e espiritual sobre dor, cura e busca de sentido. Ao homenagear Javier Giner, a terapeuta Anais e todos os que lutam contra vícios — vencendo ou não —, este artigo também ecoa minha própria jornada de cura.

Porque, no fim, todos somos buscadores. E talvez esse seja o verdadeiro chamado da Tela Mística: transformar a escuridão em consciência.


🎬 O filme não acabou — há sempre uma cena pós-créditos. Descubra-a em:

✍️ Editores do Factótum Cultural

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