Hoje em dia, a sociedade enfrenta um estresse crônico; basta abrir as janelas e observar o intenso  movimento estressante que ocorre em todas as partes  do mundo. Sinto que as pessoas estão mais apressadas  para pensar, sentir e agir, tanto em atividades  relacionadas ao trabalho quanto na busca por  conhecimento. Embora vejamos muitas pessoas  perdendo as suas vidas no trânsito caótico das cidades,  perder tempo é visto como uma blasfêmia.  

1. Estresse nosso de cada dia:  

1.2 Uma Análise segundo vários autores  

O estresse é uma resposta natural do organismo  que, apesar de ser uma reação necessária para a  sobrevivência, tornou-se um fenômeno cotidiano para muitos indivíduos no mundo moderno. Neste resumo,  exploraremos a evolução do conceito de estresse a  partir do trabalho de diversos autores e teóricos, como  Hans Selye, Walter Cannon, Richard Lazarus, Susan Folkman, Alice M. Isen, Robert Sapolsky, Christina  Maslach e Gisele J. R. de Almeida. Hans Selye (1907– 1982) é amplamente reconhecido como o “pai do  estresse”.  

Em 1936, Selye introduziu o conceito de estresse,  desenvolvendo a Teoria Geral do Estresse, que  descreveu as fases de resposta do corpo ao estresse,  consistindo em três etapas: a reação de alarme, a  resistência e a exaustão. Ele afirmou: “O estresse não é  uma doença, mas sim uma condição que pode levar a  várias doenças se não for tratado corretamente” (SELYE, 1956).  

Walter Cannon (1871–1945) também contribuiu  significativamente para a compreensão do estresse ao descrever a resposta de “luta ou fuga”. Ele destacou que  o corpo se prepara biologicamente para enfrentar  situações estressantes, com a ativação do sistema  nervoso autônomo. “A luta ou fuga é uma das reações  mais primordiais do ser humano, essencial para a  sobrevivência” (CANNON, 1932). 

Richard Lazarus (1922–2002) trouxe uma  perspectiva cognitiva para o estudo do estresse, ao  desenvolver a Teoria da Avaliação Cognitiva. Ele  argumentou que a forma como as pessoas percebem e  avaliam uma situação estressante influencia a sua  resposta emocional e fisiológica. 

Lazarus (1991) declarou: “Não é o que acontece  conosco, mas como avaliamos e respondemos a essas  situações que determina o nosso nível de estresse”. A  colaboração de Lazarus com Susan Folkman resultou no  modelo de estresse que considera a interação entre o estressor e a capacidade de enfrentamento do  indivíduo. 

Folkman enfatiza a importância das estratégias  de coping, afirmando que “enfrentar o estresse não é  uma questão de evitar a dor, mas sim de encontrar  maneiras construtivas de lidar com os desafios” (FOLKMAN, 1997).  

Alice M. Isen (1987) investigou a relação entre  emoções positivas e estresse, mostrando que estados  emocionais positivos podem agir como um buffer contra  os efeitos negativos do estresse. Ela destacou que “num estado emocional elevado, somos mais resilientes e  conseguimos lidar melhor com as adversidades”.  

Robert Sapolsky (2004), na sua obra sobre  neurociência e estresse, demonstrou como o estresse  crônico pode ter efeitos devastadores na saúde física e  mental, influenciando desde a resposta imunológica até  a regulação hormonal. “O estresse acumulado não leva somente ao desgaste físico, mas molda também a nossa  mente e o nosso comportamento” (SAPOLSKY, 2004). 

Christina Maslach (1982) focou o estresse no  ambiente de trabalho e a síndrome de burnout, que  reflete o esgotamento emocional, a despersonalização  e a redução da realização pessoal por conta do estresse  crônico. Ela afirma: “O burnout é uma resposta ao  estresse resultando numa deterioração da nossa  capacidade de funcionar” (MASLACH, 1982).  

Por fim, Gisele J. R. de Almeida (2012) contribuiu  com a pesquisa em contexto brasileiro, analisando como  fatores sociais influenciam a saúde mental e o estresse.  Almeida (2012) apontou que “entender a relação entre  estresse e fatores sociais é crucial para desenvolver  intervenções efetivas às especificidades culturais”. É  bastante raro encontrar alguém que não esteja ansioso  no mundo atual, independentemente do campo  profissional ou vocacional.  

O fenômeno estresse tornou-se algo comum, e  não estar estressado parece estar fora do que  entendemos habitual. O caos que observamos,  semelhante ao de guerras, parece estar diretamente  ligado ao estresse das pessoas. No cotidiano, vemos  professores sobrecarregados, cidadãos comuns e  autoridades governamentais, além de uma nação  inteira, expressando um cansaço crônico que afeta o  humor, a motivação e até mesmo as emoções. Estamos  anestesiados em uma sociedade aproximada do caos  psicológico? É isso que queremos passar para nossos  filhos e netos? Onde procuraremos as respostas?  Ciência? Filosofia? Religião? Ou na fuga para lugares  distantes, muitas vezes desabitados? Particularmente,  não vejo isso como uma solução.

Nota-se uma mobilização da sociedade,  especialmente de especialistas de diversas áreas, em  busca de soluções para o elevado nível de estresse que  enfrentamos atualmente. Nutrição, educação física, psicologia, psiquiatria, neurociência, psicanálise e outras  áreas têm se empenhado em entender e atender às  diversas necessidades ligadas ao estresse na sociedade  atual. Podemos ter esperança de que encontraremos  soluções para o que estamos passando? Por que nos  tornamos tão intolerantes conosco mesmos e com os  demais? Estamos passando por uma crise emocional e  psicológica? Onde podemos encontrar um caminho de  equilíbrio que nos permita viver uma vida rica e próspera?  São questionamentos que ocupam a minha mente, e  admito que sou otimista por natureza e convencido de  que, entre a angústia e o anseio, encontraremos  caminhos para uma vida plena, impulsionados pelo  desejo de descobrir o que é inerente ao ser humano.  Reconheço a relevância da análise profunda e do  investimento em psicoterapia, particularmente no  âmbito do autodesenvolvimento, para entender os  processos internos que formam a nossa vivência.  Acredito que a psicoterapia é essencial na administração do estresse, proporcionando um ambiente seguro onde  os indivíduos podem explorar emoções e experiências. 

Existem várias abordagens teóricas e práticas  que poderão ajudar a identificar as causas do estresse e  a desenvolver habilidades para enfrentar desafios. Um  dos principais benefícios é a promoção da consciência  emocional, permitindo que os indivíduos reconheçam e  processem as suas emoções de forma saudável. A  relação terapêutica, baseada em apoio e empatia,  favorece o desenvolvimento de relacionamentos  saudáveis e melhora as habilidades sociais, contribuindo  ainda mais para a redução do estresse. Assim, a  psicoterapia se revela uma ferramenta valiosa para o  autoconhecimento, a mudança de comportamentos e a  melhoria da saúde mental, favorecendo uma vida mais  equilibrada e satisfatória. Por um lado, percebo que o  estresse e o caos que geralmente vivenciamos na nossa  condição subjetiva podem, paradoxalmente, ser considerados componentes de um processo natural e essencial para uma transformação interna — uma  chance de despertar para uma consciência mais elevada  de si. Assim como na natureza, existem ciclos de  grandeza e pequenez, luz e sombra, dia e noite. Esses  movimentos simbolizam a busca incessante pela  homeostase emocional, pelo equilíbrio essencial para o  encontro com o Self, conforme afirmava Carl Jung. Essa  trajetória de autoconhecimento é caracterizada por  períodos de turbulência que, apesar de desconfortáveis,  atuam como agentes de transformação, conduzindo nos a uma compreensão maior das nossas motivações,  medos e habilidades. Reconhecer que nada ocorre por  acaso na mente individual e na sociedade implica  entender que cada obstáculo e cada crise representam  uma chance para o crescimento espiritual e psicológico.  Ao permitir que esses processos ocorram com sentido,  envolvimento e propósito, criamos oportunidades para  uma vida cheia de possibilidades. 

Portanto, o autodesenvolvimento não é somente uma busca por melhorias superficiais, mas um caminho  para a integração do ser, onde o caos se converte numa oportunidade de crescimento, levando-nos a uma vida  

mais autêntica, consciente e plena. E você, qual é a sua  opinião sobre o tema “Estresse na Atualidade”?  

2. Referências: 

ALMEIDA, Gisele J. R. de. Estresse e saúde mental: uma  análise dos fatores sociais. 2012. Dissertação (Mestrado  em Psicologia). Universidade (Nome da universidade, se  houver), 2012. 

CANNON, Walter. The emergency function of the  adrenal medulla in pain and the stress of conflict. In:  CANNON, Walter. The bodily changes in pain, hunger,  fear and rage: an account of recent researches into the  function of internal organs. New York: McGraw-Hill,  1939. p. 114–123. 

FOLKMAN, Susan. Coping and health: a new  perspective. New York: Wiley, 1997. 

ISEN, Alice M. Positive affect and decision making. In:  HOGAN, R.; HOUGH, L. M. (Eds.). Handbook of personality psychology. San Diego: Academic Press,  1987. p. 50–79. 

LAZARUS, Richard S. Coping theory and research: past,  present, and future. Psychosomatic medicine, v. 53, n. 3,  p. 353–384, 1991. 

MASLACH, Christina. Job burnout: new directions in  research and intervention. In: KAHN, R. L.; BYE, A. (Eds.).  Behavioral science in medicine: a handbook. New York:  Wiley, 1982. p. 211–220. 

SAPOLSKY, Robert M. Why zebras don’t get ulcers: an  updated guide to stress, stress-related diseases, and  coping. New York: Holt Paperbacks, 2004. 

SELYE, Hans. Stress without distress. New York: New  American Library, 1956.

Tendência