Por Adriano Nicolau da Silva

Hoje em dia, a sociedade enfrenta um estresse crônico; basta abrir as janelas e observar o intenso movimento estressante que ocorre em todas as partes do mundo. Sinto que as pessoas estão mais apressadas para pensar, sentir e agir, tanto em atividades relacionadas ao trabalho quanto na busca por conhecimento. Embora vejamos muitas pessoas perdendo as suas vidas no trânsito caótico das cidades, perder tempo é visto como uma blasfêmia.
1. Estresse nosso de cada dia:
1.2 Uma Análise segundo vários autores
O estresse é uma resposta natural do organismo que, apesar de ser uma reação necessária para a sobrevivência, tornou-se um fenômeno cotidiano para muitos indivíduos no mundo moderno. Neste resumo, exploraremos a evolução do conceito de estresse a partir do trabalho de diversos autores e teóricos, como Hans Selye, Walter Cannon, Richard Lazarus, Susan Folkman, Alice M. Isen, Robert Sapolsky, Christina Maslach e Gisele J. R. de Almeida. Hans Selye (1907– 1982) é amplamente reconhecido como o “pai do estresse”.
Em 1936, Selye introduziu o conceito de estresse, desenvolvendo a Teoria Geral do Estresse, que descreveu as fases de resposta do corpo ao estresse, consistindo em três etapas: a reação de alarme, a resistência e a exaustão. Ele afirmou: “O estresse não é uma doença, mas sim uma condição que pode levar a várias doenças se não for tratado corretamente” (SELYE, 1956).
Walter Cannon (1871–1945) também contribuiu significativamente para a compreensão do estresse ao descrever a resposta de “luta ou fuga”. Ele destacou que o corpo se prepara biologicamente para enfrentar situações estressantes, com a ativação do sistema nervoso autônomo. “A luta ou fuga é uma das reações mais primordiais do ser humano, essencial para a sobrevivência” (CANNON, 1932).
Richard Lazarus (1922–2002) trouxe uma perspectiva cognitiva para o estudo do estresse, ao desenvolver a Teoria da Avaliação Cognitiva. Ele argumentou que a forma como as pessoas percebem e avaliam uma situação estressante influencia a sua resposta emocional e fisiológica.
Lazarus (1991) declarou: “Não é o que acontece conosco, mas como avaliamos e respondemos a essas situações que determina o nosso nível de estresse”. A colaboração de Lazarus com Susan Folkman resultou no modelo de estresse que considera a interação entre o estressor e a capacidade de enfrentamento do indivíduo.
Folkman enfatiza a importância das estratégias de coping, afirmando que “enfrentar o estresse não é uma questão de evitar a dor, mas sim de encontrar maneiras construtivas de lidar com os desafios” (FOLKMAN, 1997).
Alice M. Isen (1987) investigou a relação entre emoções positivas e estresse, mostrando que estados emocionais positivos podem agir como um buffer contra os efeitos negativos do estresse. Ela destacou que “num estado emocional elevado, somos mais resilientes e conseguimos lidar melhor com as adversidades”.
Robert Sapolsky (2004), na sua obra sobre neurociência e estresse, demonstrou como o estresse crônico pode ter efeitos devastadores na saúde física e mental, influenciando desde a resposta imunológica até a regulação hormonal. “O estresse acumulado não leva somente ao desgaste físico, mas molda também a nossa mente e o nosso comportamento” (SAPOLSKY, 2004).
Christina Maslach (1982) focou o estresse no ambiente de trabalho e a síndrome de burnout, que reflete o esgotamento emocional, a despersonalização e a redução da realização pessoal por conta do estresse crônico. Ela afirma: “O burnout é uma resposta ao estresse resultando numa deterioração da nossa capacidade de funcionar” (MASLACH, 1982).
Por fim, Gisele J. R. de Almeida (2012) contribuiu com a pesquisa em contexto brasileiro, analisando como fatores sociais influenciam a saúde mental e o estresse. Almeida (2012) apontou que “entender a relação entre estresse e fatores sociais é crucial para desenvolver intervenções efetivas às especificidades culturais”. É bastante raro encontrar alguém que não esteja ansioso no mundo atual, independentemente do campo profissional ou vocacional.
O fenômeno estresse tornou-se algo comum, e não estar estressado parece estar fora do que entendemos habitual. O caos que observamos, semelhante ao de guerras, parece estar diretamente ligado ao estresse das pessoas. No cotidiano, vemos professores sobrecarregados, cidadãos comuns e autoridades governamentais, além de uma nação inteira, expressando um cansaço crônico que afeta o humor, a motivação e até mesmo as emoções. Estamos anestesiados em uma sociedade aproximada do caos psicológico? É isso que queremos passar para nossos filhos e netos? Onde procuraremos as respostas? Ciência? Filosofia? Religião? Ou na fuga para lugares distantes, muitas vezes desabitados? Particularmente, não vejo isso como uma solução.
Nota-se uma mobilização da sociedade, especialmente de especialistas de diversas áreas, em busca de soluções para o elevado nível de estresse que enfrentamos atualmente. Nutrição, educação física, psicologia, psiquiatria, neurociência, psicanálise e outras áreas têm se empenhado em entender e atender às diversas necessidades ligadas ao estresse na sociedade atual. Podemos ter esperança de que encontraremos soluções para o que estamos passando? Por que nos tornamos tão intolerantes conosco mesmos e com os demais? Estamos passando por uma crise emocional e psicológica? Onde podemos encontrar um caminho de equilíbrio que nos permita viver uma vida rica e próspera? São questionamentos que ocupam a minha mente, e admito que sou otimista por natureza e convencido de que, entre a angústia e o anseio, encontraremos caminhos para uma vida plena, impulsionados pelo desejo de descobrir o que é inerente ao ser humano. Reconheço a relevância da análise profunda e do investimento em psicoterapia, particularmente no âmbito do autodesenvolvimento, para entender os processos internos que formam a nossa vivência. Acredito que a psicoterapia é essencial na administração do estresse, proporcionando um ambiente seguro onde os indivíduos podem explorar emoções e experiências.
Existem várias abordagens teóricas e práticas que poderão ajudar a identificar as causas do estresse e a desenvolver habilidades para enfrentar desafios. Um dos principais benefícios é a promoção da consciência emocional, permitindo que os indivíduos reconheçam e processem as suas emoções de forma saudável. A relação terapêutica, baseada em apoio e empatia, favorece o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis e melhora as habilidades sociais, contribuindo ainda mais para a redução do estresse. Assim, a psicoterapia se revela uma ferramenta valiosa para o autoconhecimento, a mudança de comportamentos e a melhoria da saúde mental, favorecendo uma vida mais equilibrada e satisfatória. Por um lado, percebo que o estresse e o caos que geralmente vivenciamos na nossa condição subjetiva podem, paradoxalmente, ser considerados componentes de um processo natural e essencial para uma transformação interna — uma chance de despertar para uma consciência mais elevada de si. Assim como na natureza, existem ciclos de grandeza e pequenez, luz e sombra, dia e noite. Esses movimentos simbolizam a busca incessante pela homeostase emocional, pelo equilíbrio essencial para o encontro com o Self, conforme afirmava Carl Jung. Essa trajetória de autoconhecimento é caracterizada por períodos de turbulência que, apesar de desconfortáveis, atuam como agentes de transformação, conduzindo nos a uma compreensão maior das nossas motivações, medos e habilidades. Reconhecer que nada ocorre por acaso na mente individual e na sociedade implica entender que cada obstáculo e cada crise representam uma chance para o crescimento espiritual e psicológico. Ao permitir que esses processos ocorram com sentido, envolvimento e propósito, criamos oportunidades para uma vida cheia de possibilidades.
Portanto, o autodesenvolvimento não é somente uma busca por melhorias superficiais, mas um caminho para a integração do ser, onde o caos se converte numa oportunidade de crescimento, levando-nos a uma vida
mais autêntica, consciente e plena. E você, qual é a sua opinião sobre o tema “Estresse na Atualidade”?
2. Referências:
ALMEIDA, Gisele J. R. de. Estresse e saúde mental: uma análise dos fatores sociais. 2012. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Universidade (Nome da universidade, se houver), 2012.
CANNON, Walter. The emergency function of the adrenal medulla in pain and the stress of conflict. In: CANNON, Walter. The bodily changes in pain, hunger, fear and rage: an account of recent researches into the function of internal organs. New York: McGraw-Hill, 1939. p. 114–123.
FOLKMAN, Susan. Coping and health: a new perspective. New York: Wiley, 1997.
ISEN, Alice M. Positive affect and decision making. In: HOGAN, R.; HOUGH, L. M. (Eds.). Handbook of personality psychology. San Diego: Academic Press, 1987. p. 50–79.
LAZARUS, Richard S. Coping theory and research: past, present, and future. Psychosomatic medicine, v. 53, n. 3, p. 353–384, 1991.
MASLACH, Christina. Job burnout: new directions in research and intervention. In: KAHN, R. L.; BYE, A. (Eds.). Behavioral science in medicine: a handbook. New York: Wiley, 1982. p. 211–220.
SAPOLSKY, Robert M. Why zebras don’t get ulcers: an updated guide to stress, stress-related diseases, and coping. New York: Holt Paperbacks, 2004.
SELYE, Hans. Stress without distress. New York: New American Library, 1956.





