Desde o início dos anos 2000, a perspectiva  cognitiva tem atraído cada vez mais a atenção de  estudiosos no campo da psicologia. Com o advento da era  digital, as pessoas utilizam as descobertas científicas para  auxiliar nas questões contemporâneas, tornando a vida  nas comunidades mais acessíveis. Essa utilização se  estende a várias áreas, como educação, saúde, lazer,  ambiente de trabalho e relacionamentos.  

Em relação às nossas influências históricas,  considero que elas proporcionam uma base significativa,  sendo o processo cognitivo da memória a sua ferramenta  central. Esse texto visa auxiliar aqueles que se interessam  pela conexão entre a memória e seu papel como guia na  cultura das civilizações passadas, atuando como um  referencial para entendermos nossas atuais necessidades de realização, vida significativa e bem-estar. Para isso,  citaremos trabalhos de pesquisadores que se dedicaram a  esse tema em suas investigações. A interpretação da  memória, como um processo crucial na construção e  expressão do saber, é investigada sob várias perspectivas  teórico-científicas. Conforme as ideias tradicionais, a  memória é o processo que nos permite codificar, guardar  e recuperar informações. Ela abrange diversas formas,  como a memória visual, auditiva e semântica, além de suas  subdivisões em memória de curto e longo prazo, que  incluem a episódica, semântica, procedimental e de  trabalho (Neisser, 1967). 

Essa dinâmica é crucial para a elaboração da  narrativa, ao possibilitar aos indivíduos reviver  experiências passadas e criar significados no presente,  posicionando-se como um componente fundamental na  narrativa atual (Bruner, 1990). As teorias do  processamento de informação oferecem um quadro  conceitual para entender esses processos, equiparando-os a um software que funciona em um hardware, neste caso,  o cérebro. Assim, são empregados termos como entrada,  representação, processamento e saída para caracterizar a  atividade cognitiva (Broadbent, 1958). Neste contexto,  autores como Piaget (1952) ressaltam a relevância da  assimilação e acomodação na formação de esquemas  mentais. Por outro lado, Vygotsky (1978) enfatiza a  mediação cultural e social na formação do saber,  elementos que se manifestam na narrativa ao permitir a  reconstituição de memórias via contextos sociais comuns. 

Segundo o pesquisador Jerome Bruner (1986)  enfatiza que a narrativa é um meio de estruturar o  conhecimento, unindo experiências passadas à formação  do sentido atual, tendo uma ligação direta com os  processos de recuperação da memória.  

Para o psicólogo Albert Bandura (1986) ressalta o  impacto do modelo social na construção de memórias e no  aprendizado, enquanto Noam Chomsky (1957) contribui  com a proposta da gramática generativa, que impacta a interpretação e a elaboração de textos narrativos  complexos.  

O pensador, George Miller (1956) destaca a  limitação da memória de trabalho, sendo fundamental  para entender como as narrativas podem ser organizadas  para simplificar a retenção e recuperação de informações.  Seguindo sobre os estudiosos da teoria e prática da  psicologia cognitiva, Henri Wallon (1962) acrescenta que a  memória está profundamente conectada ao  desenvolvimento emocional, afetando a maneira como as  narrativas são assimiladas e recontadas.  

Pesquisadores como Herbert Simon, Allen Newell Marvin Minsky (1950) criaram modelos de inteligência  artificial que enfatizam a correlação entre processos  cognitivos e operações de computação, auxiliando na  compreensão de como a mente estrutura e manipula  informações narrativas. 

Finalmente, Ulrich Neisser (1967) ressalta a  relevância de um método integrado que considere tanto elementos fisiológicos quanto culturais na interpretação  da memória, enfatizando a necessidade de uma análise  multidisciplinar na avaliação da narrativa atual. Ao  reorganizar a memória a partir da visão da teoria cognitiva,  observa-se que a narrativa atual atua como um local para  a reconstrução e atribuição de significado, respaldada  pelos processos mentais descritos por esses teóricos. Esta  perspectiva mostra que a memória vai além de um mero registro de acontecimentos passados, sendo um sistema  dinâmico e ativo, que pode ser reestruturado por  processos cognitivos complexos que abrangem elementos  neurológicos e culturais. Assim, auxilia no entendimento  mais profundo do papel da memória na formação de  sentido na narrativa contemporânea (Minsky, 1986).  

Portanto, destaco também a relevância dos  processos emocionais na evolução humana, como  priorizar as inteligências múltiplas, emocional, resiliência, assertividade e a autorrealização, particularmente em  tempos de rápido progresso global. Expressões emocionais como delicadeza, generosidade, empatia e  gratidão auxiliam o indivíduo em seu desenvolvimento  cognitivo, incentivando uma reflexão sobre como auxiliar  os outros seres humanos a viverem uma vida focada no  sentimento de pertença e nas diversas oportunidades do  mundo.  

Referências:  

1. Bruner, J. (1990). Acts of meaning. Harvard University  Press.  

2. Broadbent, D. E. (1958). Perception and  communication. Pergamon Press.  

3. Chomsky, N. (1957). Syntactic Structures. Mouton.  4. Minsky, M. (1986). The Society of Mind. Simon &  Schuster.  

5. Miller, G. A. (1956). The magical number seven, plus or  minus two. Some limits on our capacity for processing  information. Psychological Review, 63(2), 81–97.

6. Neisser, U. (1967). Cognitive Psychology. Appleton Century-Crofts. 

7. Piaget, J. (1952). The origins of intelligence in children.  International Universities Press. 

8. Vygotsky, L. S. (1978). Mind in society. Harvard  University Press. 

9. Wallon, H. (1962). La logique dans l’espace et le temps.  Presses Universitaires de France.

 

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