Por Adriano Nicolau da Silva

Desde o início dos anos 2000, a perspectiva cognitiva tem atraído cada vez mais a atenção de estudiosos no campo da psicologia. Com o advento da era digital, as pessoas utilizam as descobertas científicas para auxiliar nas questões contemporâneas, tornando a vida nas comunidades mais acessíveis. Essa utilização se estende a várias áreas, como educação, saúde, lazer, ambiente de trabalho e relacionamentos.
Em relação às nossas influências históricas, considero que elas proporcionam uma base significativa, sendo o processo cognitivo da memória a sua ferramenta central. Esse texto visa auxiliar aqueles que se interessam pela conexão entre a memória e seu papel como guia na cultura das civilizações passadas, atuando como um referencial para entendermos nossas atuais necessidades de realização, vida significativa e bem-estar. Para isso, citaremos trabalhos de pesquisadores que se dedicaram a esse tema em suas investigações. A interpretação da memória, como um processo crucial na construção e expressão do saber, é investigada sob várias perspectivas teórico-científicas. Conforme as ideias tradicionais, a memória é o processo que nos permite codificar, guardar e recuperar informações. Ela abrange diversas formas, como a memória visual, auditiva e semântica, além de suas subdivisões em memória de curto e longo prazo, que incluem a episódica, semântica, procedimental e de trabalho (Neisser, 1967).
Essa dinâmica é crucial para a elaboração da narrativa, ao possibilitar aos indivíduos reviver experiências passadas e criar significados no presente, posicionando-se como um componente fundamental na narrativa atual (Bruner, 1990). As teorias do processamento de informação oferecem um quadro conceitual para entender esses processos, equiparando-os a um software que funciona em um hardware, neste caso, o cérebro. Assim, são empregados termos como entrada, representação, processamento e saída para caracterizar a atividade cognitiva (Broadbent, 1958). Neste contexto, autores como Piaget (1952) ressaltam a relevância da assimilação e acomodação na formação de esquemas mentais. Por outro lado, Vygotsky (1978) enfatiza a mediação cultural e social na formação do saber, elementos que se manifestam na narrativa ao permitir a reconstituição de memórias via contextos sociais comuns.
Segundo o pesquisador Jerome Bruner (1986) enfatiza que a narrativa é um meio de estruturar o conhecimento, unindo experiências passadas à formação do sentido atual, tendo uma ligação direta com os processos de recuperação da memória.
Para o psicólogo Albert Bandura (1986) ressalta o impacto do modelo social na construção de memórias e no aprendizado, enquanto Noam Chomsky (1957) contribui com a proposta da gramática generativa, que impacta a interpretação e a elaboração de textos narrativos complexos.
O pensador, George Miller (1956) destaca a limitação da memória de trabalho, sendo fundamental para entender como as narrativas podem ser organizadas para simplificar a retenção e recuperação de informações. Seguindo sobre os estudiosos da teoria e prática da psicologia cognitiva, Henri Wallon (1962) acrescenta que a memória está profundamente conectada ao desenvolvimento emocional, afetando a maneira como as narrativas são assimiladas e recontadas.
Pesquisadores como Herbert Simon, Allen Newell e Marvin Minsky (1950) criaram modelos de inteligência artificial que enfatizam a correlação entre processos cognitivos e operações de computação, auxiliando na compreensão de como a mente estrutura e manipula informações narrativas.
Finalmente, Ulrich Neisser (1967) ressalta a relevância de um método integrado que considere tanto elementos fisiológicos quanto culturais na interpretação da memória, enfatizando a necessidade de uma análise multidisciplinar na avaliação da narrativa atual. Ao reorganizar a memória a partir da visão da teoria cognitiva, observa-se que a narrativa atual atua como um local para a reconstrução e atribuição de significado, respaldada pelos processos mentais descritos por esses teóricos. Esta perspectiva mostra que a memória vai além de um mero registro de acontecimentos passados, sendo um sistema dinâmico e ativo, que pode ser reestruturado por processos cognitivos complexos que abrangem elementos neurológicos e culturais. Assim, auxilia no entendimento mais profundo do papel da memória na formação de sentido na narrativa contemporânea (Minsky, 1986).
Portanto, destaco também a relevância dos processos emocionais na evolução humana, como priorizar as inteligências múltiplas, emocional, resiliência, assertividade e a autorrealização, particularmente em tempos de rápido progresso global. Expressões emocionais como delicadeza, generosidade, empatia e gratidão auxiliam o indivíduo em seu desenvolvimento cognitivo, incentivando uma reflexão sobre como auxiliar os outros seres humanos a viverem uma vida focada no sentimento de pertença e nas diversas oportunidades do mundo.
Referências:
1. Bruner, J. (1990). Acts of meaning. Harvard University Press.
2. Broadbent, D. E. (1958). Perception and communication. Pergamon Press.
3. Chomsky, N. (1957). Syntactic Structures. Mouton. 4. Minsky, M. (1986). The Society of Mind. Simon & Schuster.
5. Miller, G. A. (1956). The magical number seven, plus or minus two. Some limits on our capacity for processing information. Psychological Review, 63(2), 81–97.
6. Neisser, U. (1967). Cognitive Psychology. Appleton Century-Crofts.
7. Piaget, J. (1952). The origins of intelligence in children. International Universities Press.
8. Vygotsky, L. S. (1978). Mind in society. Harvard University Press.
9. Wallon, H. (1962). La logique dans l’espace et le temps. Presses Universitaires de France.





