Por Adriano Nicolau da Silva

Após realizar leituras de alguns textos filosóficos, comecei a refletir sobre um filósofo que tem chamado a atenção para o que está ocorrendo atualmente. Estou me referindo ao pensador Albert Camus que, nas suas concepções, busca entender um homem que vive ansioso num mundo indiferente no caos do absurdo.
Para ele, mesmo perante inúmeras catástrofes da vida, o ser humano precisará descobrir rotas para a sobrevivência, com entusiasmo e afeto, sem depender de processos metafísicos, do meio externo ou da expectativa de um futuro mais auspicioso.
Como o meu principal campo de estudo é a psicologia, liguei a teoria filosófica de Albert Camus à de Martin Seligman, a psicologia positiva, que propõe um homem resiliente diante das incertezas da vida. Ao narrarmos as nossas experiências para alcançarmos o bem-estar psicológico, a nossa verdade, autenticidade e liberdade pessoal responsável, despertamos a reflexão sobre a complexidade da vida e tornamo-nos mais receptivos a todos os absurdos visíveis.
Segundo a minha visão, Albert Camus teve um papel crucial na ciência da psicologia clínica ao enfatizar a alienação humana, o sentido da vida, a solidão e a luta contra a depressão. Segundo ele, a saúde mental pode ser prejudicada quando buscamos incessantemente um propósito supremo para a vida, recorrendo a um objetivo lógico ou a esperanças enganosas, quando nos concentramos em alcançar o topo da montanha ou num futuro maravilhoso e feliz.
Em contraste, a ideia central da sua filosofia é a do “homem absurdo”, que vive intensamente e aceita a ausência de sentido, encontrando liberdade e autenticidade na sua situação existencial.
Nesse sentido, Camus propõe ao homem uma busca para o “agora”, ideia proposta pela psicologia positiva na atenção plena para o bem-estar. Mesmo diante de adversidades, nos desafios extremos, é importante perseverar. Camus nos lembra da importância de enfrentar a realidade do absurdo e, ainda assim, encontrar beleza e autenticidade na vida. Essa intersecção pode enriquecer tanto a compreensão filosófica quanto as práticas psicológicas voltadas para o bem estar.
Com base nos seus pensamentos, é relevante uma reflexão sobre a situação presente. Vivenciamos um desafio nas áreas da educação, política, economia e social, além do grande desafio de incorporarmos a moral e a ética na vida das pessoas. Assim, segundo Camus, o essencial é viver sem se preocupar com as convenções sociais em um mundo absurdo e sem propósito, que não deveriam impedir a realização da vida humana.
“Antes, a questão era descobrir se a vida precisava ter algum significado para ser vivida. Agora, ao contrário, ficou evidente que ela será vivida melhor se não tiver significado“. (Albert Camus, O mito de Sísifo).
Resumo da biografia do filósofo Albert Camus
Albert Camus (1913 – 1960) foi um autor de literatura, ficção, teatro, filosofia e jornalista. Em 1957, foi agraciado com o Prêmio Nobre de Literatura pela sua notável produção literária, destacando se como um dos intelectuais mais conhecidos do século XX.
Obras mais conhecidas: “O Estrangeiro”, “A Peste” e “O Mito de Sísifo”.

Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br.
Os artigos publicados, por colunistas e articulistas, são de responsabilidade exclusiva dos autores, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Factótum Cultural.





