Após realizar leituras de alguns textos filosóficos, comecei a refletir sobre um filósofo que tem chamado a  atenção para o que está ocorrendo atualmente. Estou me  referindo ao pensador Albert Camus que, nas suas concepções,  busca entender um homem que vive ansioso num mundo  indiferente no caos do absurdo.  

Para ele, mesmo perante inúmeras catástrofes da vida,  o ser humano precisará descobrir rotas para a sobrevivência,  com entusiasmo e afeto, sem depender de processos  metafísicos, do meio externo ou da expectativa de um futuro  mais auspicioso.  

Como o meu principal campo de estudo é a psicologia,  liguei a teoria filosófica de Albert Camus à de Martin Seligman,  a psicologia positiva, que propõe um homem resiliente diante  das incertezas da vida. Ao narrarmos as nossas experiências  para alcançarmos o bem-estar psicológico, a nossa verdade,  autenticidade e liberdade pessoal responsável, despertamos a reflexão sobre a complexidade da vida e tornamo-nos mais  receptivos a todos os absurdos visíveis. 

Segundo a minha visão, Albert Camus teve um papel  crucial na ciência da psicologia clínica ao enfatizar a alienação  humana, o sentido da vida, a solidão e a luta contra a depressão.  Segundo ele, a saúde mental pode ser prejudicada quando  buscamos incessantemente um propósito supremo para a vida,  recorrendo a um objetivo lógico ou a esperanças enganosas,  quando nos concentramos em alcançar o topo da montanha ou  num futuro maravilhoso e feliz. 

Em contraste, a ideia central da sua filosofia é a do  “homem absurdo”, que vive intensamente e aceita a ausência  de sentido, encontrando liberdade e autenticidade na sua  situação existencial. 

Nesse sentido, Camus propõe ao homem uma busca  para o “agora”, ideia proposta pela psicologia positiva na  atenção plena para o bem-estar. Mesmo diante de  adversidades, nos desafios extremos, é importante perseverar.  Camus nos lembra da importância de enfrentar a realidade do  absurdo e, ainda assim, encontrar beleza e autenticidade na vida. Essa intersecção pode enriquecer tanto a compreensão  filosófica quanto as práticas psicológicas voltadas para o bem estar. 

Com base nos seus pensamentos, é relevante uma  reflexão sobre a situação presente. Vivenciamos um  desafio nas áreas da educação, política, economia e social,  além do grande desafio de incorporarmos a moral e a ética  na vida das pessoas. Assim, segundo Camus, o essencial é  viver sem se preocupar com as convenções sociais em um  mundo absurdo e sem propósito, que não deveriam  impedir a realização da vida humana. 

Antes, a questão era descobrir se a vida precisava ter algum significado para ser vivida. Agora, ao contrário, ficou evidente que ela será vivida melhor se não tiver significado“. (Albert Camus, O mito de Sísifo).

Resumo da biografia do filósofo Albert Camus  

Albert Camus (1913 – 1960) foi um autor de literatura, ficção,  teatro, filosofia e jornalista. Em 1957, foi agraciado com o Prêmio  Nobre de Literatura pela sua notável produção literária, destacando se como um dos intelectuais mais conhecidos do século XX. 

Obras mais conhecidas:  “O Estrangeiro”, “A Peste” e “O Mito de Sísifo”.

Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br.

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