Por Adriano Nicolau da Silva

1. Introdução
No momento, percebo que a população está lidando com um distúrbio mental que causa intensa angústia, a insônia. A insônia é definida pela dificuldade em iniciar o sono e mantê-lo ao longo da noite, ou por um sono que não satisfaz as necessidades, causando desconforto físico e mental e uma queda na performance em atividades executadas ao longo do dia (Sociedade Brasileira de Sono, 2003). Um estudo realizado recentemente nas cinco regiões brasileiras por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) indica que 65,5% da população é afetada pela insônia.
Entendo a relevância de esclarecer que existem diversas formas de tratamentos e psicoterapias disponíveis, sendo responsabilidade do profissional, em conjunto com o paciente, avaliar as chances de participação ativa no tratamento. Especialistas em saúde mental estão apreensivos com o crescimento da prevalência de insônia globalmente e, de maneira abrangente, ela afeta 10% da população.
Observa-se que a qualidade de vida do indivíduo com insônia é significativamente comprometida. Em seguida, descrevo as estratégias comportamentais que a insônia provoca nos indivíduos listados por (Ferrara & De Gennaro, 2001). As emoções são modificadas, como ansiedade, culpa ou vergonha, que necessitam de respostas adaptáveis para serem eliminadas. A alteração na rotina causa mudanças no sono e no desempenho mental, físico, laboral e sexual da pessoa que, como reação, procura métodos para restabelecer o equilíbrio do seu sono e amenizar ou eliminar os sintomas. E optam por tarefas mais simples e, nos seus investimentos intelectuais, evitam grandes desafios acadêmicos, quando comparados a indivíduos que não são privados de sono.
Em observação clínica, fica evidente que a insônia é uma questão que impacta negativamente a pessoa em diversos aspectos, levando-a a concentrar-se excessivamente na sua dificuldade e negligenciar diversos outros aspectos da vida.
2. Psicoterapia
A terapia cognitivo-comportamental auxilia o paciente a entender certos estímulos que provocam padrões de pensamentos e sentimentos e a alterá-los. Assim, o psicoterapeuta propõe a higiene do sono, estimulando o paciente a se envolver em exercícios físicos, lazer, atenção à saúde física, alimentação balanceada, relações interpessoais, além de ajudá-lo a reformular as suas crenças (concepções que a pessoa tem de si mesma, do mundo e dos demais). Alguns pacientes podem desenvolver padrões de pensamentos negativos relacionados a noites de sono insuficientes. A psicoterapia auxilia o paciente a lidar com esses pensamentos por meio de questionamentos socráticos centrados em cenários favoráveis, alterando seu dia a dia, prevenindo hábitos nocivos ou rotinas impostas que causam estresse e ansiedade, bem como os dispositivos eletrônicos que intensificam a insônia.
3. Efeitos da falta de sono
A fragilidade do corpo se agrava com a diminuição da resistência física. Situações como fadiga, irritabilidade, infecções, inflamações, hipertensão, doenças cardíacas, obesidade, dificuldade de concentração e transtornos mentais, incluindo ansiedade e depressão, tornam-se inevitáveis na rotina do indivíduo afetado. Todo esse contexto negativo impacta diretamente na produtividade do trabalho, gerando faltas, prejudicando a trajetória profissional e aumentando os custos com cuidados de saúde.
4. Conclusão
Resumidamente, apresentei as implicações da insônia e a terapia cognitivo-comportamental. Vale ressaltar que há diversos tratamentos disponíveis para a insônia, destacando-se a farmacoterapia e as psicoterapias. É crucial procurar um profissional especializado no tema para uma orientação apropriada. É responsabilidade de todos nós, profissionais, aprofundar os estudos sobre as causas e tratamentos, além de elaborar planos mais apropriados para programas de educação preventiva, com o objetivo final de melhorar a qualidade de vida dos portadores deste relevante problema de saúde pública.
5. Referências
Sociedade Brasileira de Sono (2003). I Consenso Brasileiro de Insônia. Hypnos – Journal of Clinical and Experimental Sleep Research 4 (Supl. 2), 9/18.
Ferrara, M., & De Gennaro, L. (2001). Quanto sono fazemos nós, precisamos? Sleep. Medicine, 5(2), 155-179.

Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br.
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