1. Introdução 

No momento, percebo que a população está lidando com um distúrbio mental que causa  intensa angústia, a insônia. A insônia é definida pela dificuldade em iniciar o sono e mantê-lo ao  longo da noite, ou por um sono que não satisfaz as necessidades, causando desconforto físico e mental  e uma queda na performance em atividades executadas ao longo do dia (Sociedade Brasileira de  Sono, 2003). Um estudo realizado recentemente nas cinco regiões brasileiras por pesquisadores da  Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) indica que 65,5%  da população é afetada pela insônia. 

Entendo a relevância de esclarecer que existem diversas formas de tratamentos e psicoterapias  disponíveis, sendo responsabilidade do profissional, em conjunto com o paciente, avaliar as chances  de participação ativa no tratamento. Especialistas em saúde mental estão apreensivos com o  crescimento da prevalência de insônia globalmente e, de maneira abrangente, ela afeta 10% da  população.  

Observa-se que a qualidade de vida do indivíduo com insônia é significativamente  comprometida. Em seguida, descrevo as estratégias comportamentais que a insônia provoca nos  indivíduos listados por (Ferrara & De Gennaro, 2001). As emoções são modificadas, como ansiedade,  culpa ou vergonha, que necessitam de respostas adaptáveis para serem eliminadas. A alteração na  rotina causa mudanças no sono e no desempenho mental, físico, laboral e sexual da pessoa que, como  reação, procura métodos para restabelecer o equilíbrio do seu sono e amenizar ou eliminar os  sintomas. E optam por tarefas mais simples e, nos seus investimentos intelectuais, evitam grandes  desafios acadêmicos, quando comparados a indivíduos que não são privados de sono.  

Em observação clínica, fica evidente que a insônia é uma questão que impacta negativamente  a pessoa em diversos aspectos, levando-a a concentrar-se excessivamente na sua dificuldade e  negligenciar diversos outros aspectos da vida. 

2. Psicoterapia

A terapia cognitivo-comportamental auxilia o paciente a entender certos estímulos que  provocam padrões de pensamentos e sentimentos e a alterá-los. Assim, o psicoterapeuta propõe a  higiene do sono, estimulando o paciente a se envolver em exercícios físicos, lazer, atenção à saúde  física, alimentação balanceada, relações interpessoais, além de ajudá-lo a reformular as suas crenças  (concepções que a pessoa tem de si mesma, do mundo e dos demais). Alguns pacientes podem  desenvolver padrões de pensamentos negativos relacionados a noites de sono insuficientes. A  psicoterapia auxilia o paciente a lidar com esses pensamentos por meio de questionamentos socráticos  centrados em cenários favoráveis, alterando seu dia a dia, prevenindo hábitos nocivos ou rotinas  impostas que causam estresse e ansiedade, bem como os dispositivos eletrônicos que intensificam a  insônia. 

3. Efeitos da falta de sono 

A fragilidade do corpo se agrava com a diminuição da resistência física. Situações como  fadiga, irritabilidade, infecções, inflamações, hipertensão, doenças cardíacas, obesidade, dificuldade  de concentração e transtornos mentais, incluindo ansiedade e depressão, tornam-se inevitáveis na  rotina do indivíduo afetado. Todo esse contexto negativo impacta diretamente na produtividade do  trabalho, gerando faltas, prejudicando a trajetória profissional e aumentando os custos com cuidados  de saúde. 

4. Conclusão 

Resumidamente, apresentei as implicações da insônia e a terapia cognitivo-comportamental.  Vale ressaltar que há diversos tratamentos disponíveis para a insônia, destacando-se a farmacoterapia  e as psicoterapias. É crucial procurar um profissional especializado no tema para uma orientação  apropriada. É responsabilidade de todos nós, profissionais, aprofundar os estudos sobre as causas e  tratamentos, além de elaborar planos mais apropriados para programas de educação preventiva, com  o objetivo final de melhorar a qualidade de vida dos portadores deste relevante problema de saúde  pública. 

5. Referências 

Sociedade Brasileira de Sono (2003). I Consenso Brasileiro de Insônia. Hypnos – Journal of  Clinical and Experimental Sleep Research 4 (Supl. 2), 9/18.

Ferrara, M., & De Gennaro, L. (2001). Quanto sono fazemos nós, precisamos? Sleep. Medicine,  5(2), 155-179.

Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br.

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