Estamos cientes que enfrentamos o desafio para  administrar o caos que emerge num mundo  contemporâneo. Sinto-me privilegiado ao ver diferentes  pessoas extraordinárias no meu consultório de psicologia,  evidenciando as suas capacidades de resiliência. É  impressionante observar os resultados satisfatórios que  cada uma consegue alcançar. Ser psicoterapeuta é uma  verdadeira benção, ao proporcionar um ambiente de  aprendizado constante.  

Em particular, a minha atuação se fundamenta no  entendimento das crenças, pensamentos e interpretações  acerca dos eventos. Tento implementar a reestruturação  cognitiva mediante questionamentos constantes, visando  alterar o pensamento e as crenças prejudiciais para gerar  uma transformação emocional e comportamental  duradoura (BECK, 2013).

Enxergo o instante crucial onde o paciente  consegue identificar claramente os seus pensamentos  automáticos e os reexamina, para reinterpretar os seus  traumas psicológicos. Assim, uma vez que conseguimos  identificar as suas crenças, é imprescindível questioná-las  visando reconstruí-las para o desenvolvimento de uma  visão de si realista.  

Desenvolvida por Aaron T. Beck, nas  décadas de 1960 e 1970 (J. S. Beck, 2022), a Terapia  Cognitivo-Comportamental (TCC) pode ser  compreendida como uma “abordagem psicoterapêutica ativa, focada no problema e sensível ao tempo, que se concentra na mudança cognitiva e de comportamento e aceitação” (Wenzel, 2021, p.  XVI).  

A palavra psicoterapia é formada por duas palavras  do grego, psique significando alma e terapia significando  tratamento. A terapia cognitiva-comportamental, tem se  destacado pelos resultados satisfatórios alcançados pelos  clientes que sofrem com trauma psicológico. 

Com o uso de técnicas e métodos adequados para  a necessidade do paciente, é possível pensar em ajudá-lo a rever os pensamentos, sentimentos e comportamentos  eficientemente e analisar os pensamentos ineficientes,  bem como as crenças em si, em outros e no mundo.  

Conforme a dinâmica psicológica de cada paciente,  a exposição gradual dos traumas, envolvendo a  verbalização das recordações e os pareamentos mentais  dos estímulos desencadeantes, facilita a reestruturação  emocional, diminuindo as fugas e esquivas de situações  que provocam lembranças dolorosas. 

O papel do psicoterapeuta como facilitador na  gestão das emoções inclui cordialidade, respeito,  serenidade, empatia, calor humano e segurança. Além  disso, incentiva o desenvolvimento de competências para  lidar com o desconforto emocional que pode evoluir para  a ansiedade e depressão.  

Na terapia que transcende o problema ou trauma,  o psicólogo foca nas suas competências, valores, ética,  saber, trabalho, sociedade e família. 

Em particular, lembro-me de um trecho de uma  obra de Skinner (behaviorismo) que enfatizava a  importância do psicoterapeuta estimular o paciente a  analisar os processos de mudanças comportamentais  positivas.  

Considerações Finais  

Na terapia, o processo de ressignificação de  traumas é complexo e demanda tempo, paciência, uma  relação terapêutica de confiança e estudo constante. Ao  alterar como encaram o trauma, os indivíduos podem não  apenas amenizar a dor, mas também descobrir novas  formas de viver e interagir com o mundo. Assim, a  psicoterapia se converte num processo de recuperação e  autoconhecimento, onde o passado não dita o futuro, mas  integra uma narrativa mais ampla de crescimento e  resiliência. 

Portanto, ao reinterpretar os traumas, percebo  que essa abordagem psicoterapêutica vai além da sua superação, podendo representar uma oportunidade para  o aprimoramento da inteligência emocional, a revisão do  nosso propósito de vida e uma análise minuciosa de como  nos relacionamos conosco, com o mundo e com as  pessoas ao nosso redor. Isso pode implicar na  transformação da dor em motivação, na identificação de  aprendizados adquiridos ou na utilização da experiência  para ajudar outras pessoas que passam pelo problema.  

Referências  

BECK, J. S. (2013). Terapia cognitivo-comportamental.  Porto Alegre: Artmed.  

Wenzel, A. (2021). Introduction: The evolution and main  components of cognitive behavioral therapy. In A. Wenzel  (Ed.), Handbook of cognitive behavioral therapy. Overview  and approaches (pp. 15–27. APA).

Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br.

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