Por Adriano Nicolau da Silva

Estamos cientes que enfrentamos o desafio para administrar o caos que emerge num mundo contemporâneo. Sinto-me privilegiado ao ver diferentes pessoas extraordinárias no meu consultório de psicologia, evidenciando as suas capacidades de resiliência. É impressionante observar os resultados satisfatórios que cada uma consegue alcançar. Ser psicoterapeuta é uma verdadeira benção, ao proporcionar um ambiente de aprendizado constante.
Em particular, a minha atuação se fundamenta no entendimento das crenças, pensamentos e interpretações acerca dos eventos. Tento implementar a reestruturação cognitiva mediante questionamentos constantes, visando alterar o pensamento e as crenças prejudiciais para gerar uma transformação emocional e comportamental duradoura (BECK, 2013).
Enxergo o instante crucial onde o paciente consegue identificar claramente os seus pensamentos automáticos e os reexamina, para reinterpretar os seus traumas psicológicos. Assim, uma vez que conseguimos identificar as suas crenças, é imprescindível questioná-las visando reconstruí-las para o desenvolvimento de uma visão de si realista.
Desenvolvida por Aaron T. Beck, nas décadas de 1960 e 1970 (J. S. Beck, 2022), a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pode ser compreendida como uma “abordagem psicoterapêutica ativa, focada no problema e sensível ao tempo, que se concentra na mudança cognitiva e de comportamento e aceitação” (Wenzel, 2021, p. XVI).
A palavra psicoterapia é formada por duas palavras do grego, psique significando alma e terapia significando tratamento. A terapia cognitiva-comportamental, tem se destacado pelos resultados satisfatórios alcançados pelos clientes que sofrem com trauma psicológico.
Com o uso de técnicas e métodos adequados para a necessidade do paciente, é possível pensar em ajudá-lo a rever os pensamentos, sentimentos e comportamentos eficientemente e analisar os pensamentos ineficientes, bem como as crenças em si, em outros e no mundo.
Conforme a dinâmica psicológica de cada paciente, a exposição gradual dos traumas, envolvendo a verbalização das recordações e os pareamentos mentais dos estímulos desencadeantes, facilita a reestruturação emocional, diminuindo as fugas e esquivas de situações que provocam lembranças dolorosas.
O papel do psicoterapeuta como facilitador na gestão das emoções inclui cordialidade, respeito, serenidade, empatia, calor humano e segurança. Além disso, incentiva o desenvolvimento de competências para lidar com o desconforto emocional que pode evoluir para a ansiedade e depressão.
Na terapia que transcende o problema ou trauma, o psicólogo foca nas suas competências, valores, ética, saber, trabalho, sociedade e família.
Em particular, lembro-me de um trecho de uma obra de Skinner (behaviorismo) que enfatizava a importância do psicoterapeuta estimular o paciente a analisar os processos de mudanças comportamentais positivas.
Considerações Finais
Na terapia, o processo de ressignificação de traumas é complexo e demanda tempo, paciência, uma relação terapêutica de confiança e estudo constante. Ao alterar como encaram o trauma, os indivíduos podem não apenas amenizar a dor, mas também descobrir novas formas de viver e interagir com o mundo. Assim, a psicoterapia se converte num processo de recuperação e autoconhecimento, onde o passado não dita o futuro, mas integra uma narrativa mais ampla de crescimento e resiliência.
Portanto, ao reinterpretar os traumas, percebo que essa abordagem psicoterapêutica vai além da sua superação, podendo representar uma oportunidade para o aprimoramento da inteligência emocional, a revisão do nosso propósito de vida e uma análise minuciosa de como nos relacionamos conosco, com o mundo e com as pessoas ao nosso redor. Isso pode implicar na transformação da dor em motivação, na identificação de aprendizados adquiridos ou na utilização da experiência para ajudar outras pessoas que passam pelo problema.
Referências
BECK, J. S. (2013). Terapia cognitivo-comportamental. Porto Alegre: Artmed.
Wenzel, A. (2021). Introduction: The evolution and main components of cognitive behavioral therapy. In A. Wenzel (Ed.), Handbook of cognitive behavioral therapy. Overview and approaches (pp. 15–27. APA).

Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br.





