por Adriano Nicolau da Silva

Como psicoterapeuta, vejo a Teoria Racional Emotiva Comportamental (TREC) interessante para o que está acontecendo no mundo moderno. Uma abordagem terapêutica que enfatiza a relevância dos pensamentos e crenças na formação das emoções e comportamentos.
Afirmo que Albert Ellis foi o precursor dessa teoria, nos anos 1950 e a base da TREC é que não são os eventos que causam um impacto emocional em nós, mas sim como interpretamos e pensamos sobre eles. Quando ele expõe os paradigmas a, b, c, d, e, percebo uma lógica nessa dinâmica analítica. Neste sentido, (a) estímulo que ativa, (b) a interpretação do estímulo segundo os nossos conceitos, (c) as consequências da interpretação, (d) confronto cognitivo, (e) resposta ao confronto. Assim, a maneira como percebemos essa interação afeta as nossas emoções e ações. Além disso, é mais fácil reestruturar, principalmente o que causa desconforto, quando mudamos a maneira como vemos os acontecimentos. Ele foi influenciado pelos pensamentos de filósofos antigos como Marco Aurélio, Epítetos, Confúcio, Lao Tzu e Buda e deixou a psicanálise para se concentrar mais nos processos interpretativos, filosóficos e comportamentais da psique humana. Ellis afirma que, como resultado de um condicionamento, alguns indivíduos expressam ideias irracionais que causam sofrimento. A capacidade de reconfigurar o pensamento é essencial para o progresso emocional, diz Ellis. A melhor maneira de evitar o sofrimento é suavizar e amenizar os eventos por uma análise cuidadosa e não se sentir obrigado a “ter que” responder a estímulos provenientes de pensamentos automáticos ou crenças profundas irracionais. Assim, a abordagem racional-emotiva difere da teoria subjacente à maioria das outras abordagens à psicoterapia em pontos pertinentes. Isso se deve à perspectiva teórica que sustenta a abordagem em relação a alguns aspectos da conduta e da personalidade.
Albert Ellis afirma que as histórias psicopatológicas foram inicialmente aprendidas como comportamentos condicionados e agravados por crenças irracionais adquiridas ao longo da vida por autossugestão. Repetimos continuamente pensamentos irracionais, usando-os para generalizar atitudes ineficazes e destrutivas. O pensamento humano é a fonte das emoções e quando pensamos em algo desagradável, nos sentimos mal.
Ellis era extremamente confiante na influência que a interpretação de um evento tem sobre a pessoa. Ele sempre se referiu ao filósofo estoico Epíteto, que viveu no século I d.C., ao dizer: “O mais importante não é o estímulo que surge, mas como eu o vejo.”. A (TREC) afirma que a responsabilidade da pessoa para interpretar os fenômenos existentes é o principal fator pela maioria dos distúrbios emocionais.
Quando precisamos de tratamento para neurose ou psicose, é fundamental deixar de lado a tendência de culpar os outros e a nós mesmos. Uma ideia essencial que podemos notar na expressão de nossos sentimentos é a agitação gerada pela repetição interna da seguinte afirmação: “Não gosto do meu comportamento e quero fazer uma mudança”. Um exemplo disso é a ideia: “Devido às minhas falhas e erros, sou uma pessoa má, mereço ser punido e mereço sofrer”. É mais vantajoso que aprendamos a aceitar nossas limitações.
A (TREC) pode auxiliar o indivíduo a compreender que crenças irracionais são armadilhas criadas pelo indivíduo ou pela sociedade, que podem nos levar a ser vítimas de ideias sem fundamento. Ellis enfatizou que a inteligência humana permite “se treinarem para modificar ou eliminar as suas crenças autossabotadoras”. É necessária autodisciplina, pensamento crítico e trabalho para compreender e confrontar o sistema de crenças irracionais. Se as pessoas forem ajudadas a concentrar-se em “pensamento errado”, “emoções e conduta inadequadas”, há a possibilidade de mudanças nas tendências que causam perturbações, tanto curativas quanto preventivas.
Qual é a melhor maneira de ajudar as pessoas a mudar completamente as suas crenças mágicas? “Há uma maior hipótese de mudar as suas crenças que causam sintomas com um terapeuta que trabalhe de maneira diretiva-ativa, didática e filosófica, diz Ellis.
A teoria racional emotiva de Ellis destaca que o comportamento humano é influenciado tanto por crenças racionais quanto por crenças irracionais. Estas últimas estão ligadas a emoções negativas, como tristeza, frustração, ódio, angústia, descontentamento, pânico e depressão. Ao se tornar consciente da dinâmica do comportamento e ao empregar o questionamento socrático, a dinâmica das interações humanas se torna mais acessível, facilitando a reestruturação de declarações oriundas de crenças como “é imprescindível que eu seja amado por todos” ou “as pessoas devem me tratar da forma que eu desejo”. Nesse contexto, Ellis ressaltou que os métodos lógico empíricos da ciência podem ser efetivamente utilizados para desmantelar crenças irracionais.
Dessa forma, podemos utilizar a teoria racional emotiva de Albert Ellis como uma abordagem para analisar as crenças irracionais. Portanto, é fundamental conduzir mais pesquisas em psicoterapia visando apoiar as pessoas que precisam. Quando esta teoria é aplicada às interações sociais, ela proporciona instrumentos valiosos para aprimorar a comunicação, solucionar desavenças e fomentar relacionamentos mais saudáveis e produtivos. Ao identificar e contestar crenças irracionais, os indivíduos conseguem criar conexões mais harmoniosas e equilibradas, promovendo uma maior compreensão e respeito entre si.
Referência
Ellis, A. (1962). Reason and emotion in psychotherapy Secaucus, NJ: Citadel.

Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br.
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