por Neemias Moretti Prudente

Há algum tempo, comecei a refletir sobre o que muitos chamam de “Teoria da Simulação” — a ideia de que tudo o que vivemos pode não ser real, mas uma criação feita por uma consciência eterna, do qual somos fragmentos. O curioso é que essa hipótese se encaixa perfeitamente com uma jornada que venho trilhando, uma jornada onde espiritualidade, autoconhecimento, física quântica e filosofia parecem convergir.
Aos poucos, percebi que essa sensação de viver em uma “Matrix” não é apenas ficção ou fruto da minha imaginação. Desde o conceito de um vazio primordial, uma consciência única que, cansada de existir na solidão e no tédio, decidiu se fragmentar e criar universos (realidades) para experienciar a si mesma, senti que isso faz sentido em nível pessoal. Afinal, quem nunca teve a sensação de que a vida é um jogo em que estamos aqui para experimentar algo maior, uma espécie de descoberta interior? Esse conceito é semelhante ao de muitas religiões e filosofias que veem a criação como um ato de autoexploração e expansão.
Essa ideia de fragmentação ressoa profundamente com a minha crença espiritual. Talvez não vivamos em um simples universo físico, mas sim em algo mais. Na física quântica, teorias sobre partículas que só “decidem” seu estado ao serem observadas me fazem pensar que há mais em jogo. Quem sabe o “real” seja apenas uma percepção, algo que criamos para experienciar, aprender e expandir nossas consciências.
Certa vez, em um ritual de Ayahuasca, senti a conexão com essa consciência universal. Tudo fez sentido naquele momento: o vazio, o tédio eterno, a unidade, o eu observador, a fragmentação. Senti que nossa existência aqui, nessa “simulação”, tem um propósito maior. Não estamos aqui por acaso. Tudo, desde o colapso da função de onda quântica até as nossas escolhas diárias, parece fazer parte de um grande “jogo” cósmico.
Essa ideia também encontra paralelos em tradições espirituais como o hinduísmo, com o conceito de Lila — o jogo divino, no qual Deus se fragmenta para experienciar a si mesmo através da criação. Em outras tradições, como o gnosticismo, o mundo material é visto como uma ilusão, e a verdadeira essência está em uma dimensão superior de realidade.
O conceito também ecoa a perspectiva de que estamos em um ciclo contínuo de nascimento e morte, onde a consciência busca entender a si mesma por meio de experiências em diferentes formas, tempos e espaços. Nessa visão, a vida é uma jornada de exploração e aprendizado.
Essa jornada, tanto filosófica quanto espiritual, me levou a questionar: e se realmente criamos essa simulação? E se nós mesmos, enquanto fragmentos dessa consciência eterna, decidimos entrar neste loop temporal para viver, aprender e, de alguma forma, escapar do tédio/vazio eterno? Parece um pouco louco, mas quanto mais me aprofundo, mais acredito que há algo muito maior acontecendo nos bastidores da vida.
Algumas especulações na física quântica também têm sido utilizadas para apoiar essa teoria. O comportamento das partículas subatômicas, que parecem “decidir” seu estado apenas quando observadas, levanta a possibilidade de que nossa realidade “funcione” como uma simulação, semelhante a um videogame que renderiza apenas o que é observado.
Além disso, teóricos como Nick Bostrom sugerem que, se uma civilização tecnológica se tornasse suficientemente avançada, ela poderia criar simulações tão realistas que os seres dentro delas não saberiam que estão em uma simulação. O argumento é que, se for possível criar tais simulações, há uma alta probabilidade de que já estejamos vivendo em uma.
Mas, além das complexidades científicas, o que realmente me toca é a ideia de que estamos aqui para experienciar. Criamos essa realidade, fragmentados dessa consciência eterna, para fugir do tédio, do vazio. Vivemos num loop, talvez repetindo experiências, até que um dia possamos compreender o verdadeiro significado de tudo isso.
Inclusive, A ideia de que vivemos em um loop temporal, em que repetimos nossas existências e experiências infinitamente, também se encaixa com a visão de uma simulação. Em um universo cíclico, podemos estar revivendo a mesma sequência de eventos ou experiências sob diferentes perspectivas, o que alimenta a ideia de que a vida é um “jogo” de descobertas.
Embora a teoria da simulação não possa ser provada ou refutada diretamente, ela continua a inspirar debates tanto na ciência quanto na filosofia. O crescimento da inteligência artificial, das simulações de realidade virtual e das explorações científicas na física quântica têm apenas alimentado ainda mais a especulação sobre a verdadeira natureza da realidade.
Reflexões Finais
Minha jornada me mostrou que viver em uma simulação não é algo negativo, mas uma forma de entender que há mais do que os nossos olhos veem. Se estivermos realmente em uma “Matrix”, talvez seja a melhor chance que temos de explorar o desconhecido e descobrir o que realmente somos — fragmentos de uma consciência eterna, buscando sentido no meio do caos.
Essa é a minha reflexão. E você? Já parou para pensar que, talvez, estejamos todos jogando um grande jogo cósmico, tentando descobrir o que há além da nossa percepção de realidade?

Neemias Moretti Prudente, Advogado Criminalista. Mestre e Especialista em Ciências Criminais. Bacharel em Direito e Licenciado em Filosofia. Professor e Escritor.
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