por Adriano Nicolau da Silva
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Resumo
Com o aumento de indivíduos estressados, há um crescente interesse em debater o assunto nas instituições de ensino e trabalho.
Palavras-chave: Estresse ocupacional; Resiliência.
O interesse pelo estudo do estresse no trabalho tem sido crescente na literatura científica, sobretudo nos últimos anos. Uma das razões para o aumento de estudos sobre esse tema está nas consequências das condições e da organização do trabalho na saúde e no bem-estar dos funcionários e, consequentemente, no funcionamento e na eficiência das organizações. Existe uma preocupação atual em relação ao estresse no mundo contemporâneo. A interação entre o ser humano e seus desafios profissionais, sociais, culturais, políticos e econômicos requer uma capacidade de resiliência e habilidades técnicas interpessoais.
O estresse está sendo estudado e discutido atualmente nos meios acadêmicos, bem como na sociedade e nas organizações de trabalho. Segundo evidências científicas, algumas doenças físicas e mentais estão diretamente ligadas ao estresse. Essa é, na maioria das vezes, a preocupação do mundo no pós-revolução industrial. A verdade é que a maioria das empresas não compreendeu a relevância da qualidade de vida dos funcionários, focando apenas na produção em larga escala, acumulação de capital e lucros. A Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador (Brasil, 2004) alerta que a consequência do adoecimento psíquico pode ter ligação direta com o ambiente persecutório no trabalho.
Dessa forma, a Organização Mundial de Saúde atribuiu o estresse como a epidemia do século XXI, surgindo em quase todos os seres vivos que ultrapassam seus limites psicológicos e físicos. Há quem consiga colocar em prática as suas defesas psicológicas, assim como a resiliência, e lidar com as adversidades do cotidiano.
Hans Selyeem 1936 descreveu o estresse pela primeira vez como uma resposta do organismo a estímulos intensos. Para Fink (2017), a ocorrência não pode ser evitada, uma vez que a energia disponível é suficiente para manter a vida. Mesmo durante o sono, o coração, o sistema nervoso, os órgãos respiratórios e outros órgãos continuam funcionando, o que sugere que só podemos nos livrar do estresse depois da morte. Fink, professor da Universidade de Melbourne e membro do corpo docente do Instituto de Pesquisa em Saúde Mental de Victoria, explicou que a relevância do estresse e suas consequências físicas são influenciadas pela consciência do indivíduo e sua capacidade de lidar com o que o leva ao esgotamento.
A primeira fase é quando a pessoa se depara com o estímulo estressor, uma reação de alerta para o organismo lutar ou fugir, o que designou Cannom (1939). A segunda fase é a de resistência, quando o organismo reúne energia para se adaptar ao estressor. E a última fase é quando o organismo entra no processo de exaustão psicológica com expressões de reações psicossomáticas como a depressão, ansiedade e doenças físicas como gengivites, pressão alta, obesidade, anorexia/bulimia, alcoolismo, uso de substâncias, ulcera gástricas, psoríase, vitiligo e diabete, Myers (1999).
Para Myers (1999)
O estresse desvia a energia do sistema imunológico, tornando uma pessoa mais vulnerável às infecções e malignidade. Embora o estresse não cause doenças como o câncer, ele pode influenciar na progressão da doença. Novos experimentos demonstram que o condicionamento também influencia nas reações do sistema imunológico. (p.372)
A conexão que estabelecemos com o nosso ambiente interno e externo pode afetar a qualidade de vida ou estabelecer uma conexão estreita com o estresse. Diante de muitas evidências científicas, a atividade física, o controle emocional, a alimentação adequada, o sono reparador e uma vida ativa de relações afetivas são fundamentais para se livrar desse mal que é o estresse.
De acordo com estudos da American Psychological Association (2013), as pessoas que conseguem lidar melhor com as adversidades na vida pessoal, social e profissional desenvolvem resiliência, habilidade de se ajustar adequadamente a circunstâncias adversas, traumas, tragédias, ameaças ou outros motivos significativos causadores de estresse. Os indivíduos resilientes apresentam respostas adaptativas aos fatores estressantes e raramente desenvolvem enfermidades devido ao efeito benéfico das táticas eficientes de combate aos estímulos adversos no ambiente. A maneira como cada pessoa vivencia e lida com a doença é determinada pela personalidade, pela capacidade de tolerar frustrações, pelas vantagens e desvantagens que surgem da posição de doente, assim como pela sua relação com as pessoas e seu projeto de vida. (Botega, 2006).
Atualmente, os estudos se concentram em investigar os fatores que influenciam a vulnerabilidade ao estresse e os fatores que influenciam a expressão da resiliência no sentido de ajudar pessoas a desenvolver o equilíbrio emocional e não cair nas armadilhas dos estímulos ameaçadores.
Ao examinarmos o assunto, notamos a importância de questionar o conceito de comportamento organizacional e as condições nas quais as empresas de trabalho enxergam o indivíduo na sua totalidade, incluindo sua vida pessoal, familiar, social, cultural e política. Tudo isso afeta a saúde física e mental do empregado.
Faz sentido as companhias promoverem uma reflexão aprofundada, oferecendo bases educacionais, treinamentos técnicos-operacionais qualificados, acompanhamento psicológico individualizado sobre o tema, estresse ocupacional para reestruturar as cobranças de desempenho de alto nível, uma vez que as ameaças existem de forma clara ou sutil, atendendo às constantes cobranças do mercado. É preciso pensar em políticas trabalhistas e de saúde mental para banir ou diminuir o estresse, o que pode ser consequência de um sistema que escraviza e suga o funcionário, sufocando-o e destruindo sua capacidade criativa. É necessário um debate social sério envolvendo a classe trabalhadora ou teremos que pagar um alto preço, sacrificando a saúde do trabalhador.
Referência
American Psychological Association (2013). The road to resilience recuperado de:<http://www.apa.org/helpcenter/road-resilience.aspx> » http://www.apa.org/helpcenter/road-resilience.aspx
Botega, N. J. (2006). Prática Psiquiátrica no Hospital Geral. Porto Alegre, Artmed. Brasil. Ministério da Saúde. (2004).
Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador. Brasília: Ministério da Saúde. Recuperado em 8 de novembro de 2016, de http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_081014-105206- 701.pdf [ Links ]
FINK, George –Stress, Definitions, Mechanisms, and Effects Outlined: Lessons from Anxiety -Florey Institute of Neuroscience and Mental Health, University of Melbourne, Parkville, VIC, Australia-Elsevier Inc. All rights reserved 2016
Machado, M. (1998). Equipes de trabalho: Sua efetividade e seus preditores (Dissertação de mestrado). Universidade de Brasília.
Myers, D. (1999). Introdução à Psicologia Geral. 5 eds. Rio de Janeiro: LTC.
KLEINHANS, A. C. S. Estresse e raiva em mulheres com alopecia androgenética. 2012. 79 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia como profissão e ciência) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas–SP, 2012.
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Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br.
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