Estresse no trabalho

Resumo 

Com o aumento de indivíduos estressados, há um crescente interesse em debater o assunto  nas instituições de ensino e trabalho. 

Palavras-chave: Estresse ocupacional; Resiliência. 

O interesse pelo estudo do estresse no trabalho tem sido crescente na  literatura científica, sobretudo nos últimos anos. Uma das razões para o aumento  de estudos sobre esse tema está nas consequências das condições e da  organização do trabalho na saúde e no bem-estar dos funcionários e,  consequentemente, no funcionamento e na eficiência das organizações. Existe  uma preocupação atual em relação ao estresse no mundo contemporâneo. A  interação entre o ser humano e seus desafios profissionais, sociais, culturais,  políticos e econômicos requer uma capacidade de resiliência e habilidades  técnicas interpessoais. 

O estresse está sendo estudado e discutido atualmente nos meios  acadêmicos, bem como na sociedade e nas organizações de trabalho. Segundo  evidências científicas, algumas doenças físicas e mentais estão diretamente  ligadas ao estresse. Essa é, na maioria das vezes, a preocupação do mundo no  pós-revolução industrial. A verdade é que a maioria das empresas não  compreendeu a relevância da qualidade de vida dos funcionários, focando  apenas na produção em larga escala, acumulação de capital e lucros. A Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador (Brasil, 2004) alerta que a  consequência do adoecimento psíquico pode ter ligação direta com o ambiente  persecutório no trabalho.  

Dessa forma, a Organização Mundial de Saúde atribuiu o estresse como  a epidemia do século XXI, surgindo em quase todos os seres vivos que  ultrapassam seus limites psicológicos e físicos. Há quem consiga colocar em  prática as suas defesas psicológicas, assim como a resiliência, e lidar com as  adversidades do cotidiano.  

Hans Selyeem 1936 descreveu o estresse pela primeira vez como uma  resposta do organismo a estímulos intensos. Para Fink (2017), a ocorrência não  pode ser evitada, uma vez que a energia disponível é suficiente para manter a  vida. Mesmo durante o sono, o coração, o sistema nervoso, os órgãos  respiratórios e outros órgãos continuam funcionando, o que sugere que só  podemos nos livrar do estresse depois da morte. Fink, professor da Universidade  de Melbourne e membro do corpo docente do Instituto de Pesquisa em Saúde  Mental de Victoria, explicou que a relevância do estresse e suas consequências  físicas são influenciadas pela consciência do indivíduo e sua capacidade de lidar  com o que o leva ao esgotamento. 

A primeira fase é quando a pessoa se depara com o estímulo estressor,  uma reação de alerta para o organismo lutar ou fugir, o que designou Cannom  (1939). A segunda fase é a de resistência, quando o organismo reúne energia  para se adaptar ao estressor. E a última fase é quando o organismo entra no  processo de exaustão psicológica com expressões de reações psicossomáticas  como a depressão, ansiedade e doenças físicas como gengivites, pressão alta,  obesidade, anorexia/bulimia, alcoolismo, uso de substâncias, ulcera gástricas,  psoríase, vitiligo e diabete, Myers (1999). 

Para Myers (1999) 

O estresse desvia a energia do sistema imunológico, tornando uma pessoa mais  vulnerável às infecções e malignidade. Embora o estresse não cause doenças  como o câncer, ele pode influenciar na progressão da doença. Novos  experimentos demonstram que o condicionamento também influencia nas reações  do sistema imunológico. (p.372)

A conexão que estabelecemos com o nosso ambiente interno e externo  pode afetar a qualidade de vida ou estabelecer uma conexão estreita com o  estresse. Diante de muitas evidências científicas, a atividade física, o controle  emocional, a alimentação adequada, o sono reparador e uma vida ativa de  relações afetivas são fundamentais para se livrar desse mal que é o estresse.  

De acordo com estudos da American Psychological Association (2013),  as pessoas que conseguem lidar melhor com as adversidades na vida pessoal,  social e profissional desenvolvem resiliência, habilidade de se ajustar  adequadamente a circunstâncias adversas, traumas, tragédias, ameaças ou  outros motivos significativos causadores de estresse. Os indivíduos resilientes  apresentam respostas adaptativas aos fatores estressantes e raramente  desenvolvem enfermidades devido ao efeito benéfico das táticas eficientes de  combate aos estímulos adversos no ambiente. A maneira como cada pessoa  vivencia e lida com a doença é determinada pela personalidade, pela capacidade  de tolerar frustrações, pelas vantagens e desvantagens que surgem da posição  de doente, assim como pela sua relação com as pessoas e seu projeto de vida.  (Botega, 2006). 

Atualmente, os estudos se concentram em investigar os fatores que  influenciam a vulnerabilidade ao estresse e os fatores que influenciam a  expressão da resiliência no sentido de ajudar pessoas a desenvolver o equilíbrio  emocional e não cair nas armadilhas dos estímulos ameaçadores. 

Ao examinarmos o assunto, notamos a importância de questionar o  conceito de comportamento organizacional e as condições nas quais as  empresas de trabalho enxergam o indivíduo na sua totalidade, incluindo sua vida  pessoal, familiar, social, cultural e política. Tudo isso afeta a saúde física e  mental do empregado. 

Faz sentido as companhias promoverem uma reflexão aprofundada,  oferecendo bases educacionais, treinamentos técnicos-operacionais  qualificados, acompanhamento psicológico individualizado sobre o tema,  estresse ocupacional para reestruturar as cobranças de desempenho de alto  nível, uma vez que as ameaças existem de forma clara ou sutil, atendendo às constantes cobranças do mercado. É preciso pensar em políticas trabalhistas e  de saúde mental para banir ou diminuir o estresse, o que pode ser consequência  de um sistema que escraviza e suga o funcionário, sufocando-o e destruindo sua  capacidade criativa. É necessário um debate social sério envolvendo a classe  trabalhadora ou teremos que pagar um alto preço, sacrificando a saúde do  trabalhador. 

Referência 

American Psychological Association (2013). The road to  resilience recuperado de:<http://www.apa.org/helpcenter/road-resilience.aspx&gt; » http://www.apa.org/helpcenter/road-resilience.aspx&nbsp;

Botega, N. J. (2006). Prática Psiquiátrica no Hospital Geral. Porto Alegre,  Artmed. Brasil. Ministério da Saúde. (2004). 

Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador. Brasília: Ministério  da Saúde. Recuperado em 8 de novembro de 2016,  de http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_081014-105206- 701.pdf [ Links ] 

FINK, George –Stress, Definitions, Mechanisms, and Effects Outlined:  Lessons from Anxiety -Florey Institute of Neuroscience and Mental Health,  University of Melbourne, Parkville, VIC, Australia-Elsevier Inc. All rights reserved 2016 

Machado, M. (1998). Equipes de trabalho: Sua efetividade e seus preditores  (Dissertação de mestrado). Universidade de Brasília. 

Myers, D. (1999). Introdução à Psicologia Geral. 5 eds. Rio de Janeiro: LTC. 

KLEINHANS, A. C. S. Estresse e raiva em mulheres com alopecia  androgenética. 2012. 79 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia como profissão  e ciência) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas–SP, 2012. 

Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br.