por Adriano Nicolau da Silva
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Hoje, muitos funcionários estão manifestando fadiga e exaustão, afetando negativamente a sua produtividade no trabalho. Especialistas em saúde mental estão alarmados com os frequentes relatos nos seus consultórios de pessoas sofrendo de “burnout”. A expressão “burnout” é utilizada para indicar um estágio de esgotamento físico e emocional que resulta numa grande insatisfação com as atividades laborais, o termo deriva de um conceito de “queima” ou “combustão total” comumente utilizado em países de língua inglesa. (MASLACH; SCHAUFELI; LEITER, 2001). O esgotamento mental e físico pode estar diretamente relacionado às altas expectativas de desempenho impostas. Apesar de ser cientificamente comprovado que precisamos de tempo para nos recuperarmos mental, cronológica e psicologicamente, algumas empresas ainda priorizam o lucro fácil e rápido em detrimento do bem-estar dos funcionários. Precisamos valorizar a evolução das pessoas não apenas intelectualmente, mas também em aspectos morais e psicológicos.
É fundamental priorizar a qualidade de vida, considerando o lazer, os relacionamentos afetivos, a saúde mental e física, além do ambiente de trabalho.
Atualmente, é visível o aumento de problemas de saúde mental e física em decorrência da pressão excessiva, tanto interna quanto externa, que tem levado à exaustão e desânimo. A ocupação é um aspecto inerente ao ser humano, motivando-o a compreender a si e aos demais, sendo uma interação tanto consigo mesmo quanto com os outros na procura por identidade e contentamento ao cumprir obrigações. É preciso reconhecer que existem limites em todas as atividades que realizamos, e ao negligenciarmos essa dinâmica, estamos sujeitos ao desenvolvimento da síndrome de exaustão no trabalho. Aqueles que vivem essa síndrome, entendem o quanto ela drena a energia, levando ao esgotamento tanto mental quanto físico.
Os dados indicam uma quantidade alarmante de indivíduos com síndrome de “burnout” no território brasileiro, o que prejudica a capacidade de desempenho no ambiente laboral. São inúmeros os cidadãos que enfrentam esse problema e estão sujeitos a desenvolver outras condições de saúde, tais como: depressão, transtorno de pânico, ansiedade generalizada e disfunções metabólicas, como pressão arterial elevada, obesidade e diabete tipo dois. Essa síndrome laboral, conforme a OMS, é atribuída como uma das principais causas da ausência do profissional no trabalho, isto pode explicar a necessidade de as Instituições pensar em projetos psicoeducacionais estimulando a saúde mental. Para isso, existem algumas sugestões que poderiam ser: psicoterapia breve, dinâmica de grupo, roda de conversa, orientação vocacional/profissional, aconselhamento e o papel do psicólogo com prática clínica contribuindo de forma significativa.
Segundo em observações clínicas é possível entender alguns estímulos desencadeantes provocadores da síndrome de “burnout”. Entre eles, destaco o comportamento de alguns funcionários que vão além dos seus limites na tentativa de corresponder a uma necessidade de aprovação. A despersonalização emocional e o excesso de responsabilidade, falta da convivência familiar, social, o sentimento de perda, abandono afetivo e sintomas de depressão como a perda do sentido daquilo que era significativo na vida pessoal e profissional, são elementos imprescindíveis na análise comportamental.
E importante destacar que cada pessoa corresponde a síndrome de maneira própria. Algumas desenvolvem problemas físicos como dores de cabeça, alterações no apetite, insônia, dores musculares, sintomas estomacais e outras já desenvolvem alterações psicológicas como o negativismo, sentimentos de incompetência e alterações de humor, problemas cognitivos como a perda de memória, falta de concentração e dificuldade para tomar decisões. Outro grupo de pessoas desenvolvem sintomas mistos e de forma permanente, dificultando o entendimento do diagnóstico.
Conclusões
Neste texto a intenção foi oferecer ao leitor algumas nuances da síndrome de “burnout” que incapacita muitos trabalhadores. É importante salientar que mesmo diante dos déficits que causam no comportamento de quem vive o problema, existem tratamentos. As empresas precisam se sensibilizar para a saúde mental do trabalhador, visto que grande causa do absenteísmo é por consequência da síndrome de “burnout” causadora do estresse intenso. As pessoas que desenvolvem de forma lenta e gradativa no ambiente laboral esse transtorno mental, acabam minando a autoestima e a motivação, refletindo no comportamento profissional negativamente.
E você, como administra a sua saúde mental?
Fontes:
MASLACH, C.; SCHAUFELI, W. B.; LEITER, M. P. Job burnout. Annual Review of Psychology, v. 52, p. 397- 422, 2001.
Organização Mundial da Saúde (OMS). Estatísticas mundiais de saúde 2017: Monitoramento da saúde para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Genebra, Suíça, 2017.