por Adriano Nicolau da Silva
Este texto pretende introduzir ao leitor os conceitos essenciais dessa forma de terapia psicológica. Na terapia cognitivo-comportamental, nota-se que os pensamentos têm impacto nas emoções e nos padrões de comportamento, da mesma forma que os comportamentos podem reagir ao ambiente e provocar certos pensamentos e sentimentos. “Os homens não se importam com as coisas que ocorrem, mas sim com as opiniões sobre elas ̈”(Epitectus, 1991).
No ano de 1960, o professor Aaron T. Beck começou a pensar em reestruturar uma abordagem psicoterapêutica com base nas suas experiências clínicas. Foi influenciado pelos teóricos: a Terapia Racional-Emotiva de Albert Ellis (Ellis,1962), Michael Mahoney (1991), Vittorio Guidano e Giovanni Liotti (1983), todos eles desenvolveram métodos e práticas epistemológicas com base na evidência da abordagem cognitivo comportamental.
A psicoterapia de Beck é breve, estruturada, focada no cliente e no seu presente. Beck começou a desenvolver os seus estudos focando na depressão, incentivando os seus pacientes a resolverem os seus problemas de forma espontânea utilizando a técnica da “reestruturação cognitiva”, e promovendo o exercício da assertividade dos comportamentos mal-adaptados. Com experiências adquiridas ao longo do tempo, percebeu que a sua terapia poderia ajudar com diversos outros problemas relacionados aos transtornos psicológicos. Segundo Beck, 1995/1997, é crucial destacar a importância da interpretação da situação para compreender os sentimentos, pensamentos e atitudes que interagem de forma dinâmica, gradativa e automática. Neste ponto, a avaliação funcional do comportamento como resultado da história emocional e organização da personalidade fornecerá dados sobre os caminhos que o terapeuta irá trilhar. (Beck, 1964; Ellis, 1962).
O tratamento psicológico é dinâmico e requer do psicoterapeuta cuidado constante em relação ao paciente, analisando o sistema de crenças irracionais, a percepção de si, do outro e do mundo, além do processo empático, que inclui a gentileza, respeito e segurança, baseados em habilidade, confiança e eficácia.
O foco da atenção nos problemas é de forma diretiva, tendo em vista as diversas situações de vida do paciente, incluindo a compreensão do momento de vulnerabilidade e a expressão de crenças irracionais consideradas absolutas e imutáveis. Por exemplo, algumas verbalizações de pacientes. “Será sempre assim”; “Sou assim e nunca vou mudar”.
Essas crenças absolutistas causam sofrimento e o paciente as empregam em situações ambíguas não estruturadas em que a vulnerabilidade emocional é evidente. Geralmente, são crenças que envolvem o desamparo emocional, causando pensamentos negativos de forma automática e repetitiva, formando uma cadeia inconsciente. Quando o paciente reforça a interpretação para estímulos condicionados de forma persistente, esse processo mental pode causar desconforto emocional e sofrimento intenso.
Assim sendo, o psicólogo que atua na área cognitivo-comportamental, tendo conhecimento da história emocional, cognitiva e comportamental do paciente, será capaz de identificar e avaliar a interpretação dos estímulos causadores, facilitando a reestruturação da sua percepção do ambiente, dos eventos e de si em relação aos fenômenos percebidos.
Portanto, ao longo do tempo, o paciente se torna o protagonista da sua existência, o que lhe proporciona a sensação de viver e conviver com as adversidades e as oportunidades que surgem na sua existência. Aaron Beck examinou as raízes da TCC e descobriu que crenças e pensamentos profundos são as principais causas do desconforto emocional. Além disso, a sua pesquisa é baseada em dados confiáveis. Este texto discute as maneiras pelas quais a psicoterapia (TCC) pode ser útil para pessoas que lidam com problemas emocionais. O uso combinado de terapia cognitiva e técnicas comportamentais pode ajudar o paciente na vida biopsicossocial e melhorar a percepção de suas potencialidades pessoais e profissionais.
Referência:
BECK, Judith S. Terapia cognitiva: teoria e prática. Tradução de Sandra Costa. Porto Alegre: ARTMED, 1997.
Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br.
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