por Adriano Nicolau da Silva

Percebo que há um senso crítico e lógico em torno da história pública atualmente, abordando as instituições políticas, o papel do governo, a atuação da imprensa e os ambientes sociais. Mesmo com as disparidades que existem entre nós, a intersubjetividade se manifesta de forma coletiva, proporcionando uma perspectiva pública, de acordo com Ana Arendt. Ao discutirmos sobre o tema da esfera pública, é fundamental destacar a relevância das ideias do filósofo e sociólogo alemão Habermas, conhecido por suas contribuições no livro “Mudança Estrutural da Esfera Pública”. Neste estudo, o autor explora o conceito de esfera pública na sociedade atual como um espaço onde os indivíduos têm a oportunidade de se opor à dominação política, ampliando a voz do cidadão comum. Embora o trabalho seja importante para o ser humano, não é o único aspecto relevante, uma vez que também existe a esfera privada e a significância da existência, conciliando os interesses coletivos entre as pessoas.
Segundo a visão capitalista, o ser humano foi subjugado pelo sistema de produção e teve a sua individualidade sequestrada, o que compromete o significado na vida dentro da estrutura social. Habermas defende que, por meio da democracia e da comunicação acessível em diversos setores da sociedade, o indivíduo poderá agir com maior autonomia.
A partir do século XIX, com o crescente domínio da burguesia, as mudanças começam a se manifestar e o jornalismo é um exemplo, passou a ser um produto, não mais uma ação política. A partir do século XX, com a sociedade de massa e a chegada da televisão, houve uma transformação marcante: o declínio da crítica e a mudança do público para meros consumidores. A postura crítica perde força e dá lugar à despolitização e à passividade, com menos argumentação e debate, o que está intimamente relacionado com a era digital.
Com as transformações na sociedade de massa, assistimos ao enfraquecimento da esfera pública e ao aumento do interesse individual em questões pessoais. O poder público, como resultado, vai gradualmente passando para as mãos do setor privado.
Diversos aspectos da sociedade estão sendo impactados pela rápida transformação digital. Não se trata apenas de novidades ou melhorias do que já existia, mas sim de uma potencialização promovida pelas plataformas digitais, resultando no esvaziamento do espaço público. O individualismo e os interesses pessoais estão cada vez mais presentes, estimulando a reflexão e racionalidade baseada em questionamentos para uma vida com mais significado, engajamento e motivação.
É, pois, fundamental sublinhar a contribuição do filósofo Jürgen Habermas, pensador alemão e um dos últimos representantes da Escola de Frankfurt. A sua teoria da ação comunicativa e da esfera pública, estão em destaque na literatura. Habermas apresenta propostas para promover a formação de uma opinião pública genuína e defende a liberdade de expressão como um direito do cidadão a ser protegido pela autoridade pública. Habermas argumenta que a opinião pública se torna legítima quando emerge de um processo crítico de comunicação.
Você utiliza a comunicação para propor ideias e ações no trabalho?
“A comunicação é a principal via para resolver conflitos”. (Jurgen Habermas)
Referência:
HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da esfera pública: investigações quanto a uma categoria da sociedade burguesa. Tradução: Flávio R. Kothe. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.

Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br.
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