Percebo que há um senso crítico e lógico em torno da história pública  atualmente, abordando as instituições políticas, o papel do governo, a atuação  da imprensa e os ambientes sociais. Mesmo com as disparidades que existem  entre nós, a intersubjetividade se manifesta de forma coletiva, proporcionando  uma perspectiva pública, de acordo com Ana Arendt. Ao discutirmos sobre o  tema da esfera pública, é fundamental destacar a relevância das ideias do  filósofo e sociólogo alemão Habermas, conhecido por suas contribuições no livro  “Mudança Estrutural da Esfera Pública”. Neste estudo, o autor explora o conceito  de esfera pública na sociedade atual como um espaço onde os indivíduos têm a  oportunidade de se opor à dominação política, ampliando a voz do cidadão  comum. Embora o trabalho seja importante para o ser humano, não é o único  aspecto relevante, uma vez que também existe a esfera privada e a significância da existência, conciliando os interesses coletivos entre as pessoas. 

Segundo a visão capitalista, o ser humano foi subjugado pelo sistema de  produção e teve a sua individualidade sequestrada, o que compromete o  significado na vida dentro da estrutura social. Habermas defende que, por meio  da democracia e da comunicação acessível em diversos setores da sociedade,  o indivíduo poderá agir com maior autonomia. 

A partir do século XIX, com o crescente domínio da burguesia, as  mudanças começam a se manifestar e o jornalismo é um exemplo, passou a ser  um produto, não mais uma ação política. A partir do século XX, com a sociedade  de massa e a chegada da televisão, houve uma transformação marcante: o  declínio da crítica e a mudança do público para meros consumidores. A postura  crítica perde força e dá lugar à despolitização e à passividade, com menos  argumentação e debate, o que está intimamente relacionado com a era digital. 

Com as transformações na sociedade de massa, assistimos ao  enfraquecimento da esfera pública e ao aumento do interesse individual em questões pessoais. O poder público, como resultado, vai gradualmente  passando para as mãos do setor privado. 

Diversos aspectos da sociedade estão sendo impactados pela rápida transformação digital. Não se trata apenas de novidades ou melhorias do que já  existia, mas sim de uma potencialização promovida pelas plataformas digitais,  resultando no esvaziamento do espaço público. O individualismo e os interesses  pessoais estão cada vez mais presentes, estimulando a reflexão e racionalidade  baseada em questionamentos para uma vida com mais significado, engajamento  e motivação. 

É, pois, fundamental sublinhar a contribuição do filósofo Jürgen  Habermas, pensador alemão e um dos últimos representantes da Escola de  Frankfurt. A sua teoria da ação comunicativa e da esfera pública, estão em  destaque na literatura. Habermas apresenta propostas para promover a  formação de uma opinião pública genuína e defende a liberdade de expressão  como um direito do cidadão a ser protegido pela autoridade pública. Habermas  argumenta que a opinião pública se torna legítima quando emerge de um  processo crítico de comunicação. 

Você utiliza a comunicação para propor ideias e ações no trabalho? 

“A comunicação é a principal via para resolver conflitos”. (Jurgen Habermas)

 Referência

HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da esfera  pública: investigações quanto a uma categoria da sociedade burguesa.  Tradução: Flávio R. Kothe. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003. 

Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br.

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