A autonomia é o princípio básico da ciência  contemporânea, com as suas normas, regras, leis e  métodos comparados com outras maneiras de conhecer,  como a filosofia, teologia, política e a religião. A  competência faz parte da ciência e em muitos momentos,  o cientista busca amparo na fé para seguir com o seu  trabalho com paixão e imparcialmente. Entretanto, a  reflexão é: como Kant poderá contribuir de forma  significativa para as nossas juventudes que se encontram  angustiadas frente aos seus deveres e direitos humanos?  

Segundo Kant, influenciar a ética e a moral com a  religião é postura inteligente e o jovem que consegue  aderir ao sagrado terá, como princípio básico, as regras  sociais essenciais para a vida coletiva. 

A transcendência para Kant é tão importante quanto  a sua capacidade de influenciar os jovens na atualidade. A  religião para ele se faz necessária sob o império da razão, por ser responsável pelas regras morais, essenciais para a  vida social. Podemos considerar Kant como um sucessor de  Descartes, visto que a razão é a premissa básica para os  dois, pois, o discurso racional deverá justificar a totalidade  da religião e a partir do iluminismo, tornou-se a expressão  máxima do pensamento científico. 

Como se dá o conhecimento para Kant? Envolve as questões, transcendentes e tais conceitos se referem à maneira como as informações recebidas de fora do sujeito  são percebidos pelos sentidos, sendo transformados em  objetos conhecidos. 

O processo ou filtro mental a que se refere Kant, é  considerado como transcendente, visto que, o fator  existente acontece entre o sujeito que conhece e o objeto  conhecido. “De que forma podemos transformar reflexos e sensações  em conhecimento”? Immanuel Kant. 

Revisão: Segundo Kant, a razão possui atributos  a priori não dependendo do mundo exterior. Para ele, a  razão vem antes do mundo objetivo que só deve ser  possível se conhecido. Neste sentido, foi sempre crítico ao  objetivismo, salientando que o mundo objetivo forma o  conhecimento e como um idealista concebe o espírito e a  razão é condição primeira. Para ele, o conhecimento é  adquirido por juízos divididos em dois: 

1. Juízos analíticos: São os inerentes, não têm origem na  experiência, são verdadeiros, pois, não se pode provar a  sua falsidade; são universais. A ideia religiosa está contida,  certamente, entre os juízos analíticos, pois, para Kant, é  anterior ao empirismo (experiência), é universal e está fora  do espaço e do tempo. 

2. Juízos sintéticos: Não estão relacionados com os  sentidos; não se trata de juízos a priori, anteriores à  experiência. Podem ser definidos como os resultados da  experiência. 

Para Kant, o conhecimento se situa entre as  vertentes a priori e a posteriori e é justamente na junção das duas que conhecemos o mundo. O a priori não pode  ser ciência, porque as questões transcendentais envolvem  premissas subjetivas que não podem ser provadas e  comprovadas pelos sentidos. O campo da religião abrange o problema da metafísica, a alma e o universo. Kant não  nega Deus, pois, para ele, a razão pura não pode se deter  naquilo que não está contido na experiência. Os juízos  científicos só podem se dar no espaço e no tempo e Deus  não está no espaço e no tempo. 

Segundo Kant, a religião possui papel utilitário, é  necessária porque estimula o ser humano para uma boa  formação de caráter e a preservação do mesmo na sua vida  pessoal e social. A moral só é possível pela crença religiosa,  o que transforma numa necessidade social. Neste sentido,  Kant deixa claro que a religião está presente na vida do ser  humano como um elemento imprescindível, porque as  normas impostas pela sociedade são obedecidas somente  por que se tem medo da punição divina. Kant reforça a  ideia de que a religião garante a consciência moral e não  tem como base somente a repressão para consolidar o  cumprimento dos deveres, que devem ser respeitados  porque são legítimos. A fé cristã para Kant é conceituada  como a única fé racional (Kant, 1992). 

A religião surge como uma necessidade que garante  a liberdade social e a utilidade faz bem para o homem  quando se acredita num Deus. O mundo dos fenômenos  está localizado fora do sujeito e não é descrito como além  de uma noção, uma ideia, porque a própria moral é  confundida com Deus. Diante de tal afirmação, Kant faz  aproximadamente trezentas citações bíblicas nas suas  obras (DUPLÁ, 2012, p. 11). Para Kant, não é Deus que justifica a moral, mas a moral que justifica Deus. Neste  sentido, conclui-se que, segundo o seu pensamento,  mesmo que não tivesse como intuito, foi um dos filósofos que revolucionou o pensamento humano.  

Abordar as questões éticas e morais, sempre foi um  desafio. Assim, não é possível dissecar o tema, requerendo  mais estudos e reflexões nas obras do filósofo Kant, na  intenção de generalizar as suas teorias para a prática da  moral e das regras sociais na nossa cultura. 

Referências 

DUPLÁ, Leonardo Rodríguez. L’esegesi Biblica Kantiana.  Studi Kantiani, vol. 25, Accademia Editoriale, 2012, pp.  11–29. 

KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Gulbenkian, 1992. PIMENTA, s. g. (org.). Saberes pedagógicos e atividade  docente. São Paulo: Cortez, 2000. ZILLES, U. Filosofia da religião. São Paulo: Paulus, 1991.

Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. E-mail: adrins@terra.com.br. Colunista do Factótum Cultural.

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