Eu, ANTONIO CHARLES SANTIAGO ALMEIDA, professor do Curso de Filosofia e do Programa de Mestrado Profissional em Filosofia – PROF-FILO, venho, veementemente, repudiar a forma como o edital de número 008/2023 PRPPG, que versa sobre seleção dos estudantes das Escolas Públicas – PIC/PIBIC-EM/2023-2024, foi conduzido e executado no âmbito da Universidade Estadual do Paraná. Dos absurdos do edital se destacam:

  1. Com falsa promessa de bolsa, a PRPPG exigiu que o coordenador do projeto aprovado no edital acima citado, selecionasse um professor para função de orientador na escola que teve o projeto de pesquisa aprovado;
  2. Solicitou que os responsáveis pelos estudantes, pais/mães ou parentes, assinassem declaração de que estavam de acordo em acompanhar os seus filhos/filhas para concorrer e participar do processo de seleção para desenvolvimento de pesquisa no interior da Universidade;
  3. De forma irresponsável, mesmo sem garantia de bolsa, determinou que o coordenador do projeto, juntamente com o orientador da escola, selecionassem estudantes e que fizessem classificação dos mesmos com o discurso de que seria ofertada uma bolsa para o primeiro colocado;
  4. Por último, constatou-se uma distribuição unilateral e injusta das bolsas no conjunto da Universidade, legitimado por um edital que é, antes de tudo, mal construído e estúpido.  

É aviltante que uma Universidade pública e que se considera popular, por meio de sua Pró-reitoria, não consiga organizar um simples edital sem causar desconforto entre Universidade e Escola, constrangendo servidores públicos que são sérios, responsáveis e comprometidos com o ensino de qualidade. É digno de nota que o nosso Campus, por meio de projetos de extensão, projetos de ensino, erigiu, ao longo de sua história, um diálogo forte e sólido com a comunidade de União da Vitória – PR, Porto União – SC e região. É revoltante que o bom trabalho do Campus seja maculado pela ingerência de uma Pró-reitoria. Explico: A escola selecionada para o desenvolvimento do Projeto de Pesquisa abriga estudantes que estão em condições de vulnerabilidade social e que pensam a universidade como um sonho longínquo de suas vidas. 

A Universidade, com falsa promessa, orquestrada pelo indigno trabalho da PRPPG, colocou “o carro à frente dos bois”. Pior do que isso, para além de fazer entrevistas sem garantia de bolsa, deu provas de que a Universidade, sobretudo, a nossa, é um lugar distante para os filhos e filhas de trabalhadores desse país, graças aos seus operadores.

Também é grave e merece repúdio a forma como as bolsas foram distribuídas, Edital 020/2023, a saber, uma bolsa para Paranaguá, duas bolsas para Campo Mourão e duas bolsas para Paranavaí e, pasmem, nenhuma bolsa para União da Vitória. O modus operandi da Pró-reitoria, na construção de documentos, só reforça um sentimento antigo que perdura no interior da Unespar: o descaso da universidade para determinados campi, sobretudo, o de União da Vitória. Essa prática de descaso para com o nosso campus demonstra a falta de maturidade para o que é capital: justiça e equidade, elementos imprescindíveis para uma universidade multicampi, plural e diversa. 

Por tudo isso, temendo os desacertos da Pró-reitoria de Pesquisa e da Pós-Graduação da Unespar, solicitarei, o mais breve possível, o cancelamento do meu projeto de pesquisa intitulado: “O Conceito de reprodução no interior da sociologia da sociologia de Bourdieu”, bem como o fechamento do projeto de Iniciação científica intitulado: “Gilberto Freyre encontra Ortega y Gasset: perspectivismo e circunstancialismo na obra Casa-grade & Senzala” e do projeto de iniciação científica denominado de “Maquiavel e Hobbes: uma leitura de filosofia política no que compreende o conceito de Estado Moderno”, todos comtemplados com bolsa da Fundação Araucária, uma vez que estou profundamente em desacordo com a maneira como a Universidade, na área da pesquisa, tem conduzido os seus trabalhos.  

Antonio Charles Santiago Almeida

Professor do Colegiado de Filosofia e do Programa de Mestrado em Filosofia

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