por Iara Aparecida Dams

“Eu precisava mesmo era uma folga de mim, sabe? Eu queria fugir sem ter um lugar em mente, eu apenas queria ficar sozinha em momentos que ninguém do mundo me entendesse. Eu queria apenas uma folga.”[1]
E quem não está buscando uma fuga? Seja da realidade, dos problemas que se amontoam em gavetas ou de si mesmo. O ser humano necessita de um “abstrair-se e fazer-se de louco” se não enlouquece mesmo.
É exigência da mente que ocorram momentos de “reiniciação”, onde, por um período de tempo é aceita a “fuga da realidade”.
Silêncio.
Silêncio.
Silêncio.
Releia pausadamente as frases, com calma.
Por que toda essa pressa com palavras que aqui foram escritas?
O ser humano não faz nada com calma, tem uma busca constante por devorar as horas como se fossem minutos, querendo sempre concluir o mais rápido possível.
Por isso enlouquece.
Ninguém tem se dedicado muito ao agora.
Há uma necessidade angustiante pelo futuro, sem apreciar o momento em que estamos.
Ansiedade: excesso de futuro.[2]
Sou a favor do “fazer-se de louco” para que não enlouqueçamos em nós mesmos, na busca incessante pelo final que só irá chegar o dia em que entendermos que temos somente o hoje para desfrutar.
Temos somente o hoje.
O que você fez com o teu hoje?
Pelas entidades que regem a desordem linda que é este universo, reflita por um segundo o que você fez com o teu hoje? E não pense no que fará com o teu hoje de amanhã.
Ou melhor, pense.
Reflita se pretende ficar repetindo o seu hoje incontáveis vezes até a exaustão do teu corpo torná-lo incapaz ( ou até que alguém decida que você não é mais o suficiente e desista de você).
Para quem você está doando os seus hojes?
Que hoje cruel.
Mas abstraia-se desses pensamentos por um segundo, minha intenção aqui não é enlouquecer sua mente mas clareá-la: todos nós precisamos compreender que somos seres com vida, não robôs que devoram as horas em tarefas que não nos fazem felizes.
Ser feliz é complicado.
Complicado é encontrar-se nas gavetas entre os problemas que ocupam tanto a mente. Vivemos em uma sociedade abarrotada de informações, conteúdos (na maioria das vezes nada relevantes) e devaneios que sufocam os pensamentos.
Por vezes acredito que estamos pensando de modo coletivo, compartilhando ideias, sem que haja um individualismo.
Compartilhar é bom, mas a autonomia do pensar, querer, ter, viver é necessária.
Haja devaneio.
Tua mente merece um entendimento do que ela é, de quem você é e de como você está vivendo seus dias. Certo dia me disseram que temos a mania de reclamar sem fazer nada para mudar, então digo como uma certeza quase angustiante:
Não só encontre a monotonia que perturba e sufoca a tua mente, mas a contorne. Transforme-a em algo que te faça feliz e paciencioso.
Não viva 50 vezes o mesmo ano e diga que é tarde para mudar, para viver. A vida passa nos dias, nas horas, nos minutos e segundos que tentamos devorar para fazer tudo com mais rapidez.
Esqueça a ideia de deixar para viver depois. A vida é agora.
E depois?
Depois o café esfria….[3]
[1]Anne Frank
[2]Julia Bretas
[3]Autor desconhecido.

Iara Aparecida Dams, Professora do ensino fundamental I no Colégio Santos Anjos – PU. Graduada em Letras: Português/Espanhol (UNESPAR). Pós-graduada em Alfabetização, Letramento e Literatura Infantil (UNINA). Cursando Pedagogia (UNIASSELVI). Poetisa e escritora. Colunista do Factótum Cultural.
Os artigos publicados, por colunistas e articulistas, são de responsabilidade exclusiva dos autores, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Factótum Cultural.





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