Por Iara Aparecida Dams

Pobrezinha, fizeram de você um mero
capacho para limpar os pés antes
de entrar no Universo…[1]
Mafalda, tão jovem e já entendia o quanto subestimada é a Lua, dona de lendas e mistérios, não passou de um troféu em uma corrida que resultou em rochas e fotos cheias de teorias da conspiração. O adeus foi triste, mas quem sabe não foi São Jorge que expulsou os astronautas com o seu dragão?
Já a poetisa Cecília Meireles escolheu um olhar diferente ao escrever o poema Lua Adversa[2]:
“Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua…”
E foi justamente a Lua que ensinou que mudar faz parte. Hora Cheia e glamurosa, Míngua e vai se indo, some totalmente do céu mas, se reNova e Cresce para exibir-se linda outra vez. Se até a Lua some as vezes, quem somos nós, meros mortais, para exigirmos uma caminhada calma e exuberante sempre?
Florbela Espanca, poetisa portuguesa, deixou claro seus sentimentos por este belíssimo astro, no poema Só[3]:
Eu tenho pena da Lua
Tanta pena, coitadinha,
Quando tão branca, na rua
A vejo chorar sozinha!…
Novamente sou obrigada a concordar. Pobre lua, tão apaixonante e tão sozinha, tão amada e sem carinho, tão brilhante e sem luz. Tú és testemunha de juras de amor, confidente de quem tem o peito pesado, espectadora há bilhões de anos da nossa Terra, idola estimada, protagonista e vilã de diversas lendas e crenças. Tão sublime que a ti Mario Quintana dedicou O Eterno Encanto[4]:
“Que haverá com a lua que sempre que a gente a olha é
com o súbito espanto da primeira vez?”
E, sejamos francos e sinceros, o espanto ao olhar o céu à noite e ver o seu encantamento nunca acaba. Ela que vem refletir a luz do nosso Astro Rei, também mostra seu poder durante o eclipse, pondo-se como dona do dia e escondendo o Sol.
Exuberante Lua, vou por reticências aqui e não concluir minhas palavras, seja esta uma introdução aos meus devaneios noturnos, regados pelo vento fresco e o teu luar alvo. Tu, musa inspiradora, que deveria vigiar o sono só me fez acordar para pensamentos e reflexões que resultarão em muitas noites de insônia.
Despede-se ao amanhecer, mas continua sempre aqui com sua influência mágica e fascinante.
[1] Mafalda olhando para a Lua.
[2] Lua Adversa, Cecília Meireles.
[3] Só, Florbela Espanca.
[4] O eterno encanto, Mario Quintana.

Iara Aparecida Dams, Professora do ensino fundamental I no Colégio Santos Anjos – PU. Graduada em Letras: Português/Espanhol (UNESPAR). Pós-graduada em Alfabetização, Letramento e Literatura Infantil (UNINA). Cursando Pedagogia (UNIASSELVI). Poetisa e escritora. Colunista do Factótum Cultura..
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