por Adriano Nicolau da Silva
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Por mais difícil que seja admitir para alguns, a tecnologia está presente nas nossas vidas e oferece-nos oportunidades grandiosas. Em época de estudante na universidade, existia de forma generalizada uma crítica acirrada e aversão às escolas que ofereciam cursos à distância.
No Brasil, em 1990, algumas universidades passaram a ofertar cursos à distância com o amparo da Secretaria de Educação à Distância (SEED). Sinto que está acontecendo o amadurecimento dessa realidade em vários campos na sociedade e, especificamente, na educação, com aprimoramento em técnicas de estudo, inteligência artificial, ofertando textos ilustrativos, referências de estudos, fotografias, filmes, história oral, entre outros.
Especificamente em história pública, percebo que abordar o tema está facilitando e alcançando um público maior, independentemente do leitor e do seu treino intelectual. Apresentar a importância da história da cultura na vida de cada um e a relevância da comunicação, museus e sítios históricos, arquivos e outras instituições culturais, independentemente de treinamento profissional, de formação acadêmica, falam de história ao grande público por quaisquer meios.
Segundo Foster, a Web afeta como as pessoas interagem com as outras, incluindo o modo como os historiadores públicos e as pessoas comuns se conectam com a história. Fóruns “online”, “blogs”, dispositivos portáteis, aplicativos celulares, “tablets”, mídias sociais e uma incontável gama de plataformas digitais têm facilitado mais “envolvimento do usuário” (user engagement), em que qualquer pessoa com acesso à “web” consegue contribuir para a compreensão sobre o passado.
Exercitando a percepção pelo lado positivo, o interessado tem como referência o mundo para ser explorado com a história pública digital e cabe ao pesquisador delinear as fontes com viés epistemológico e entrar no universo digitalizado com responsabilidade e ética. Assim, terá dois motivos para realizar a sua pesquisa bibliográfica nas redes sociais: a comodidade e o conforto do ambiente de estudos, o grande universo de fontes para pesquisar e otimizando o tempo.
Sabe-se que a era digital veio para ficar, assim como existe o lado positivo, o negativo está presente para satisfazer as intenções de alguns internautas. O prazer ao imediato, a intolerância à frustração, a busca pelo reconhecimento, a ganância do dinheiro fácil e rápido são alguns pilares que reforçam as fake news.
Essa dinâmica comportamental estimula os curiosos de plantão e quem produz o engano. Outro fator de importância é refletir sobre a dependência de alguns usuários das redes sociais, principalmente pessoas que vivenciam algum tipo de transtorno psicológico, recorrendo à internet como refúgio ou a busca por conforto emocional.
Atualmente, é exigido do historiador que utiliza as redes sociais o cuidado para não cair em armadilhas projetadas por pessoas preparadas tecnicamente e que trabalham para ludibriar e trapacear o pesquisador.
Ao transformar a notícia falsa em verdade, as consequências para não acreditar podem ser: medo, terror, ansiedade, catastrofismo ou alguns fenômenos positivos como: felicidade, prazer, conforto, segurança e autorrealização. O fato é que a mente humana procura se adaptar ao que é mais fácil e cômodo, levando a pessoa a diminuir o filtro dos fatores cognitivos como a percepção e caindo nas armadilhas das produções e propagações das fake news.
A minha percepção é que, quando não entendemos o que se propaga, a resposta errada pode nos oferecer um certo conforto mental, afirmava o psicólogo Steven Brown, psicólogo da Universidade de Glasgow, na Escócia, que pesquisa os impactos da revolução digital.
A tarefa a ser desempenhada pelos historiadores digitais é um desafio, já que a notícia falsa caminha com o homem na sua história há muito tempo. É, portanto, bastante complexa a tarefa a ser desempenhada pelos praticantes de uma história pública digital. Afinal, qual seria a efetividade da atuação dos historiadores no combate às fake news e ao negacionismo histórico na esfera pública das mídias digitais? A propagação de notícias falsas tem como condição fundamental “encontrar na sociedade em que se difunde um caldo de cultura favorável. Nele, inconscientemente, as pessoas exprimem os seus preconceitos, os seus ódios, os seus medos, todas as suas emoções fortes” (BLOCH, 1998, p. 180).
Portanto, as redes sociais utilizadas com cuidado possibilitam de forma positiva as pessoas, escolas e empresas num mundo cheio de possibilidades de novos negócios, trabalho e aprendizado, mas é importante a atenção para os aproveitadores que espalham as informações falsas. E você, como lida com as informações falsas nas redes sociais? Qual a história de fake news que o (a) deixa pensativo (a) e com certo cuidado?
Referências:
BLOCH, Marc. Reflexões de um historiador sobre as falsas notícias da guerra. In: História e historiadores. Lisboa, Teorema, 1998, p. 177-198.
FOSTER, Meg. “Online” and Plugged in? Public. History and Historians in the digital age. Public. History Review, v.21, p.1 – 19, 2014.
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Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br.
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