Roda de Conversa e a Psicoterapia Cognitivo-Comportamental na Síndrome de Burnout no trabalho 

Resumo: O transtorno de Burnout tem relação com o estresse intenso e  prolongado, acarretando sintomas de esgotamento mental e físico. Como  consequência, acontece a desmotivação na vida pessoal, social e de trabalho.  Propõe-se que as empresas visem profissionais psicólogos para desenvolver rodas  de conversa, utilizando-se de técnicas e intervenções cognitivos-comportamentais,  para a eliminação ou diminuição desse transtorno nas organizações de trabalho. 

Palavras-chave: Síndrome de Burnout; trabalho; Terapia Cognitivo Comportamental.  

Abstract: Burnout disorder is related to intense and prolonged stress, causing  symptoms of mental and physical exhaustion. As a consequence, there is demotivation  in personal, social and work life. It is proposed that companies target professional  psychologists to develop conversation circles, using cognitive-behavioral techniques  and interventions, to eliminate or reduce this disorder in work organizations. 

Keywords: Burnout Syndrome; work; Cognitive behavioral therapy. 

Introdução  

A globalização e a evolução tecnológica exigiram do trabalhador mais  capacidade, eficiência e produtividade, o que, consequentemente, fez com que a  saúde mental fosse questionada pelos resultados negativos da sua produção. 

A apatia, desmotivação e desesperança surgem na falta de perspectivas em  pessoas com sintomas de burnout, afetando a dinâmica biopsicossocial e em alguns casos, o abandono do trabalho ocasiona problemas pessoais, familiares, sociais e  doenças mentais como a depressão e ansiedade generalizada. 

Nota-se que o homem, no seu desenvolvimento, constrói o seu repertório  comportamental, suas crenças e seus pensamentos na totalidade da personalidade. E por várias causas, entre elas, a desorientação vocacional/profissional ou excesso  de responsabilidade profissional, poderá surgir um desconforto na percepção do “eu”  ou da realidade externa, como o meio ambiente de trabalho, em consequência ao  desrespeito dos próprios limites e possibilidades. 

Expectativas, medo e a ansiedade são sentimentos vivenciados por todos e é  necessário lidar com eles de forma coerente e realista, sem ser dominado pelos estímulos aversivos vivenciados no cotidiano de trabalho. É importante que os setores que envolvem o capital intelectual das empresas estejam preparados para  lidar com a síndrome de burnout, conseguindo estabelecer um ambiente saudável.  A roda de conversa, com base na terapia cognitivo-comportamental, é uma  alternativa interessante que estimula os trabalhadores a pensarem em verbalizar  qualquer desconforto que possa causar esgotamento mental e físico, provocando em  alguns casos o adoecimento. 

O psicólogo organizacional, ao utilizar a roda de conversa na vertente  cognitivo-comportamental, poderá ter, como foco principal, uma melhor compreensão das experiências de cada um, dos eventos que influenciam os  pensamentos, das emoções e dos comportamentos que causam desconforto. 

De acordo com Beck (2013), um dos princípios fundamentais da terapia  cognitivo-comportamental que está relacionado ao tema apresentado é o de ensinar  os pacientes a identificar, avaliar e responder as suas ideias e crenças  desorganizadas. De acordo com Beck, os funcionários de uma organização podem  ter muitos pensamentos irracionais por dia, o que afeta o humor e o comportamento  no trabalho. A roda de conversa na empresa, utilizada por profissionais competentes, poderá ser positiva, pois, possibilita os colaboradores a desenvolverem reflexões dos  pensamentos, crenças e comportamentos nas relações humanas na empresa. A  ressignificação dos problemas pessoais e interpessoais auxilia no processo de  mudança na vida pessoal, facilitando o engajamento e uma participação de maneira  assertiva no trabalho, na família e na sociedade.

Nas estratégias utilizadas em roda de conversa, sugere-se implementar  técnicas de resolução de problemas, assertividade, reestruturação cognitiva,  sentimento de pertencimento e o apoio dos gestores com mudanças de ambiente no trabalho, avaliação, programas educacionais e comunicação.  

Quando o gestor de pessoas toma consciência das emoções dos  colaboradores, valorizando não somente o comportamento observável e também a  subjetividade, a identidade é fortalecida, ocasionando o sentimento de  pertencimento, fortalecendo o vínculo e o respeito entre todos. É necessária a  viabilização de espaços na empresa, permitindo a reflexão sobre as relações  humanas, bem como sobre a comunicação entre todos, facilitando a construção  metodológica de enfrentamento da síndrome de burnout.  

Quando a empresa tem o objetivo de melhorar a saúde mental e os  funcionários se unem para compartilhar as suas angústias emocionais numa roda de  conversa, ocorre a redução do sofrimento devido ao envolvimento, cooperação,  confiança e a implementação de feedbacks no auxílio do crescimento pessoal e  profissional, tornando-se uma prática saudável e constante. 

Considerando que a TCC criada por Aaron Beck trata o indivíduo amparado  em uma epistemologia, em consideração às crenças, os pensamentos e os  sentimentos dos colaboradores, seus modelos comportamentais existentes são constituídos em suas singularidades; (BECK, Judith, 2013).  

MÉTODO 

Uma experiência, adquirida com base, na prática da roda de conversa, aconteceu em uma determinada Universidade de Minas Gerais no Triângulo Mineiro  com o (NAP) Núcleo de Atendimentos Psicológicos no período entre 2009 a 2019. O  (NAP) teve como objetivo acolher, atender e encaminhar, quando necessário, todos  que faziam parte do universo acadêmico. O procedimento utilizado foi a roda de  conversa com base na teoria e prática da terapia cognitivo-comportamental como  instrumento, visando a saúde mental dos colaboradores e dos alunos. 

Quais são os principais sinais da síndrome de burnout? 

O comportamento observado é caracterizado pela tensão emocional e pelo  estresse causado pelo trabalho exaustivo e desgastante. Os relatos de pessoas com  essa síndrome indicam que o sofrimento é intenso, com problemas físicos e  psicológicos. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), alguns sintomas  são bastante perceptíveis no comportamento do funcionário. Nervosismo, dores  generalizadas, indisposição, insônia, impotência sexual, impaciência, irritabilidade,  problemas cognitivos, fadiga física e mental, cansaço crônico e sensação de  desmaio. A (OMS) apresenta, de forma simplificada, três aspectos fundamentais da  síndrome: falta de energia e exaustão, distanciamento mental do trabalho e redução  da eficácia. 

Conclusão 

Conforme os resultados observados com a roda de conversa, baseada na  terapia cognitivo-comportamental, foi possível notar uma redução significativa das  tensões emocionais e do adoecimento no campo de trabalho. A oportunidade, oferecida pelo mediador, permitiu que cada participante refletisse sobre a sua forma  de acreditar, sentir e agir, reestruturando sua atitude no campo organizacional. É  necessário ter atenção especial ao capital intelectual, considerando as suas  peculiaridades e tendo um olhar atento para aqueles que sofrem de fadiga mental e  física. Dessa forma, a roda de conversa, fundamentada na teoria e prática da  psicoterapia cognitivo-comportamental, pode ser uma alternativa interessante para  melhorar a qualidade de vida de todos no campo de trabalho. 

Referências 

BECK, J. Terapia cognitivo-comportamental. Teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre:  Artmed, 2013. 

Oliveira, R. G., & Bueno, S. M. V. (2016). Processos educativos transformadores  no contexto da saúde: uma proposta metodológica para pesquisa ação. Atas – Investigação Qualitativa em Saúde, 2, 674-78. Recuperado em 05 de setembro de  2018 de: https://proceedings.ciaiq.org/index.php/ciaiq2016/article/view/809/795.

Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br.