por Adriano Nicolau da Silva
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1. RESUMO
A psicoterapia é uma grande aliada na saúde e existem vários tipos de abordagens que poderão ser colocadas em prática no processo. Em alguns casos de pessoas com transtornos psiquiátricos, a psicoterapia poderá ser um tratamento eficaz, baseada em evidências científicas, segundo pesquisa bibliográfica desenvolvida em endereços eletrônicos MedLine, PsychoINFO, Lilacs e Cochrane Data Bank.
2. Palavras-chave. Transtorno psicológico; psicoterapia; tratamento.
1. SUMMARY
Psychotherapy is a great ally in health and there are several types of approaches that can be put into practice in the process. In some cases of people with psychiatric disorders, psychotherapy may be an effective treatment, based on scientific evidence, according to bibliographic research carried out on MedLine, PsychoINFO, Lilacs and Cochrane Data Bank.
2. Keywords. Psychological disorder; psychotherapy; treatment.
3. Introdução
A psicologia esteve ligada a filosofia até a década de 1870, quando passou a caminhar como disciplina científica independente. A psicologia na aplicação dos estudos experimentais começou em 1879, em Leipzing, Alemanhã, a partir do primeiro laboratório desenvolvido pelo pesquisador Wilhelm Wundt, que se intitulou psicólogo. Na atualidade é indiscutível a importância da psicoterapia em muitas situações.
Existem várias modalidades de psicoterapia e as mais conhecidas são, psicanálise, comportamental, breve, grupo, familiar, psicodinâmica, analítica, cognitivo-comportamental, psicodrama, positiva, breve e de apoio. Todas elas visam o foco, a saúde mental. Uma das propostas do psicoterapeuta é analisar a dinâmica dos aspectos emocionais, cognitivos e comportamentais em aspecto amplo, envolvendo a história e o presente do paciente (STRUPP, 1978 apud CORDIOLI, 2008).
Para o processo psicoterapêutico, torna-se primordial a importância em conhecer o modelo de significado pessoal do cliente, que corresponde à forma como ele organiza e dá sentido à sua experiência (Abreu e Roso, 2003; Neimeyer, 1996; Guidano, 1987, 1991; Damásio, 2001).
A psicoterapia surge como facilitadora do processo dinâmico e contínuo enquanto ajuda a pessoa em crise a flexibilizar os seus padrões individuais diante da perturbação e do ruído, ou seja, é um instrumento de “ordenação” (Mahoney, 1998; Guidano, 1987). Embora se saiba que, para se tornar psicoterapeuta, não basta ficar munido de constructos teóricos, filosóficos e construir um currículo cheio de títulos acadêmicos, é necessário mais do que isso, o autoconhecimento, solidariedade, empatia, reciprocidade e calor humano que são peças fundamentais do dia a dia do terapeuta. Para atuar nessa carreira profissional se faz necessário que o homem-sujeito tenha conhecimento das suas próprias capacidades, livre de amarrações determinísticas que a prenda ao passado ou futuro (ROGERS, C.R, 1970).
O psicoterapeuta, munido das suas competências e habilidades, deverá conhecer bem o seu cliente, com requintes de cordialidade, empatia e compreensão das suas experiências existenciais. Entender como ele pensa diante dos processos situacionais e da sua própria história, faz sentido para instrumentalização do terapeuta no set analítico. Neste processo dinâmico e continuo e com a participação efetiva nas relações humanas do cliente, oferece-lhe liberdade para poder expressar as suas inquietações, com calor humano e de forma efetiva. Nota-se que alguns clientes, no anseio de expressar o seu mundo interior pelo comportamento verbal, muitas vezes não conseguem. Neste caso, o psicoterapeuta deverá ficar atento a todos os movimentos corporais e expressões simbólicas, principalmente quando este vive a somatização ou psicotização.
4. Algumas Modalidades Psicoterapêuticas
4.1 Psicanálise: A Psicanálise surge como um modo de tratamento dos desequilíbrios mentais e uma proposta teórica que tratar dos processos inconscientes da mente humana. Teve origem na prática clínica com Josef Breuer, sendo Sigmund Freud o responsável pela valorização e aperfeiçoamento da técnica (SCHULTZ; SCHULTZ, 2012; BRENNER, 1987).
4.2. Comportamental: O principal objetivo de uma psicologia comportamentalista da ciência seria identificar e descrever, por meio da análise funcional, as múltiplas variáveis das quais o comportamento científico é função. Esse objetivo aproxima uma psicologia científica analítico-comportamental de discussões em filosofia da ciência que colocam em xeque a equivalência entre neutralidade e objetividade científica. De acordo com essa concepção, o conhecimento científico seria neutro, pois os critérios que pautam a produção e avaliação do conhecimento científico seriam isentos de compromissos com qualquer perspectiva de valor particular (Mariconda, 2006; Santos, 2000).
4.3 Breve: Otto Rank deixou as suas contribuições no desenvolvimento da Terapia Breve, onde o precursor do conceito de “motivação para mudança”, considerado atualmente como um dos importantes critérios de indicação para tratamentos breves (Oliveira, 1999, p.11). A Psicoterapia Breve é de curta duração comparada a outras modalidades psicoterapêuticas como a psicodinâmica ou psicanálise. Trata-se de ajudar a encarar os diversos conflitos predominantes que determinam variados quadros na psicopatologia psicodinâmica. (Knobel, 1986).
4.4 Grupo: A terapia de grupo é uma técnica que, através da interação entre os participantes do grupo, busca intervir em pensamentos e comportamentos disfuncionais, sendo papel do psicólogo atuar como mediador do processo, podendo, assim, ser um meio de “atender mais pacientes em reduzido número de sessões, apresentando uma melhor relação custo/benefício” (Lobo et al., 2012, p. 117).
4.5 Familiar: A terapia familiar visa ajudar a família a alcançar relacionamentos harmoniosos entre os seus membros. Eiguer (1984) postula que a família se compõem de membros que têm, em grupo, formas típicas de funcionamento psíquico inconsciente que se diferenciam do funcionamento de cada membro.
4.6 Analítica: A psicologia analítica possibilita compreender o indivíduo de forma ampla e profunda, envolvendo não apenas as questões relacionadas com o consciente, mas também despertando conteúdos, do inconsciente. Jung critica a formação dos médicos da sua época, pois estão enclausurados e especializados apenas em estudos anátomo-fisiológicos. (Jung, 1971, §297).
4.7 Cognitivo-Comportamental: A Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) foi criada na década de 60, pelo psiquiatra Aaron Beck, a partir das insatisfações que ele possuía com as teorias da época sobre a depressão. Beck começou a reparar que os seus pacientes com depressão apresentavam pensamentos negativos e distorcidos sobre si, sobre o mundo e sobre os outros (Aaron Beck, 2000).
4.8 Psicodrama: Psicoterapia de grupo em que os pacientes escolhem os papéis que vão desempenhar na dramatização de uma situação com forte carga emocional, o que dá ao terapeuta a oportunidade de apreender os sintomas que afloram no relacionamento entre os participantes. Segundo Moreno, o desempenho de papéis é anterior ao surgimento do eu. Os papéis não emergem do eu; é o eu que emerge dos papéis. (Moreno, 1997, p. 25).
4.9 Positiva: Segundo Seligman (2002), a Psicologia deveria possibilitar muito mais do que apenas reparar o que está errado, devendo identificar e fortalecer o que está bom. A partir desse desequilíbrio, Seligman juntamente com Csikszentmihalyi iniciam o movimento da Psicologia Positiva. A Psicoterapia Positiva baseia-se na ideia de que as pessoas encontram a felicidade de várias formas, e ao trabalhar com a felicidade inerente à vivência do presente e dos seus momentos, a ajuda a encontrá-la no seu dia a-dia, nos seus gestos e ocasiões, mesmo que relacionadas às dificuldades vividas. 4.10 Psicoterapia de apoio: caracterizada como uma modalidade de tratamento na qual o terapeuta mantém um relacionamento terapêutico e uma aliança de trabalho baseados na realidade, e o esclarecimento e auxílio na solução dos problemas (CORDIOLI et al., 2008).
Portanto, vimos que a psicoterapia consiste num método de tratamento por meio do comportamento verbal. Existem diversas modalidades de psicoterapia na atualidade, a intenção foi sensibilizar o leitor para esta realidade, apresentando as mais utilizadas nas instituições e consultórios particulares que promovem a saúde mental. Cabe ao interessado buscar compreender as características do modelo de psicoterapia e do psicoterapeuta, assim como se informar das bases epistemológicas utilizadas ao longo do processo.
5. Conclusões
Abordar este tema é um desafio interessante. Pesquisas apresentam resultados positivos de práticas psicoterapêuticas com pessoas com diversas dificuldades e outras buscam a psicoterapia com objetivo de crescimento pessoal, baseado no desenvolvimento do seu potencial e sua autonomia. Como vimos, para cada paciente existe uma demanda de psicoterapia mais adequada, cabe o profissional ajudar o paciente escolher a que melhor se adequa ao seu perfil psicológico e comportamental.
6. Referências
1. ABREU, C; ROSO, M. Psicoterapias cognitivas e construtivista: novas fronteiras da prática clínica. Porto Alegre: Artmed, 2003.
2. BECK, A. T. & ALFORD, B. A. 2000. O poder integrador da terapia cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas.
3. CORDIOLI, A. V. et al. Psicoterapia de apoio. In: CORDIOLI, A. V. (Org.). Psicoterapias: abordagens atuais. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. Cap. 11, p. 188- 203.
4. DAMÁSIO, A. O erro de Descartes Mem Martins: Publicações Europa-América, 2001.GUIDANO, V. The complexity of self: a developmental approach to psychopathology and therapy New York: Guilford Press, 1987.
5. EIGUER, A. La thérapie familiale psychanalitique. Paris: Dunod, 1984. Jung, C. (1971). A natureza da Psique. Petrópolis, Vozes.
6. Lobo, B. O. M., Rigoli, M. M., Sbardelloto, G., Rinaldi, J., Argimon, I. L., & Kristensen, C. H. (2012). Terapia cognitivo-comportamental em grupo para idosos com sintomas de ansiedade e depressão. Resultados preliminares. Psicologia: Teoria e Prática, 14(2),116–125.
7. Mariconda, P. R. (2006). O controle da natureza e as origens da dicotomia entre fato e valor. Scientiae Studia, 4(3), 453- 472. https://doi.org/10.1590/S1678- 31662006000300006
8. Moreno, J.L. (1997). Psicodrama, Săo Paulo: Editora Cultrix.
9. Schwarz, K. A., & Pfister, R.: Scientific psychology in the 18th century: a historical rediscovery. In: Perspectives on Psychological Science, n. º 11, p. 399-407.
10. Seligman, M., & Csikszentmihalyi, M. (2000). Positive psychology: An introduction. American Psychologist, 55, 5-14.
11. Oliveira, I. T. (1999). Psicoterapia psicodinâmica breve. Dos precursores aos modelos atuais. Psicologia: teoria e prática, v. 1, n. 2.
12. Knobel, M. (1986). Psicoterapia Breve. São Paulo: EPU.
13. ROGERS, C. (1986). Grupos de Encontro. Lisboa: Moraes Editores. (Obra original publicada em 1970). 14. SCHULTZ, D., SCHULTZ, S.E. História da Psicologia Moderna. Suely Sonoe Murai (trad.). Cengage Learning: São Paulo, 2012.