por Adriano Nicolau da Silva
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1. Resumo
O consumo de álcool faz parte da vida dos homens há muitos anos, com destaque para celebrações em períodos festivos, notadamente no final e início do ano. E por vários fatores, algumas pessoas desenvolvem a compulsão e dependência do álcool, ocasionando acidentes de trânsito, perda de produtividade no trabalho, problemas familiares e violência urbana. O artigo visa mostrar o papel do Assistente Social para quem vive o problema.
Palavras-Chave: Assistente Social, Álcool, Família.
Alcohol consumption has been part of men’s lives for many years, with emphasis on celebrations during festive periods, notably at the end and beginning of the year. And due to various factors, some people develop compulsion and dependence on alcohol, causing traffic accidents, loss of productivity at work, family problems and urban violence. The article aims to show the role of the Social Worker for those experiencing the problem.
Keywords: Social Worker, Alcohol, Family.
2. INTRODUÇÃO
O Alcoolismo é um dos maiores problemas de saúde pública, em nível mundial e brasileiro, pela prevalência e gravidade no impacto social. A natureza multidimensional e sistêmica do alcoolismo exige a adoção de estratégias de avaliação e intervenção neste relevante problema social.
O álcool é uma substância psicoativa legal que causa dependência conhecida como alcoolismo. O alcoolismo foi reconhecido como doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1948. É considerado um transtorno mental e de comportamento na Classificação Internacional de Doenças (CID 10), e no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DMS-5), unificando esses diagnósticos em transtorno por uso de álcool, podendo ser leve, moderado ou grave, ou Síndrome da Dependência do Álcool, tendo como características a compulsão, perda do controle, dependência física e tolerância.
Pessoas dependentes do álcool desenvolvem uma série de prejuízos de ordem fisiológica, como as doenças relacionadas aos órgãos nobres, coração, fígado, pâncreas, rins e alguns tipos de câncer. Os déficits cognitivos envolvem a perda de memória, dificuldade para tomar decisão, pensamentos obsessivos e nos aspectos comportamentais, a desmotivação, lentidão nas atitudes, desânimo e inércia. Em algumas pessoas, a manutenção do vício poderá desencadear problemas de ordem social e jurídica, violência e acidentes de trânsito, ocasionando enormes transtornos pessoais, familiares e sociais.
O alcoolismo é responsável por uma das quatro causas mais comuns de morte masculina entre os 20 a 40 anos, contribuindo para as doenças mentais e físicas, estado civil, trabalho, relacionamentos interpessoais, entre outros, é o terceiro motivo de absenteísmo no trabalho e a oitava causa para a concessão de auxílio-doença do Ministério da Previdência Social (MORAES & PILATTI, 2004).
Segundo Duarte (2004) as primeiras discussões referentes ao consumo do álcool no ambiente de trabalho no Brasil remetem ao final da década de 70 e início dos anos 80. A questão foi tratada com base na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que no artigo 482 considerava justa causa pelo empregador a embriaguez habitual ou em serviço. Com o fortalecimento dos movimentos sindicais, um novo modelo surgiu e as organizações foram surpreendidas por decisões judiciais determinando a reintegração de trabalhadores demitidos e um olhar diferenciado das organizações de trabalho focado na ação preventiva e de tratamento da dependência química.
O alcoolismo ou Síndrome da dependência do álcool, conforme explica do Ministério da Saúde (BRASIL, 2003), é uma doença caracterizada pela compulsão, perda de controle, dependência física e tolerância. A compulsão envolve uma forte necessidade ou desejo de beber. A perda de controle é caracteriza pela impossibilidade de parar de beber após ter começado. Dependência física envolve o surgimento de sintomas de abstinência, como náusea, sudorese, tremores e ansiedade quando alguém para de beber após um período de consumo excessivo de álcool. A tolerância é a necessidade de aumentar a quantidade de álcool para sentir-se sob efeito. Síndrome de abstinência é uma consequência da interrupção ou redução do consumo excessivo de álcool, sem orientação médica. Caracteriza-se fundamentalmente pela ocorrência de ansiedade, irritabilidade, tremores, suores, náuseas, aumento da pulsação cardíaca, taquicardia, insônia, febre, entre outros sintomas.
Segundo a 5ª edição do Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria (APA, na sigla em inglês), os transtornos relacionados ao uso de álcool são definidos como a repetição de problemas decorrentes do uso, que levam a prejuízos e/ou sofrimentos clinicamente significativos, conforme o número de sintomas apresentados no quadro 1.
Quadro 1. Critérios para transtornos relacionados ao uso de álcool DSM-5
3. OBJETIVOS DO TRABALHO
Entender a contribuição da atuação do assistente social com pessoas que vivenciam o sofrimento psicoafetivo-social em decorrência do uso de álcool, sensibilizando-as a parar ou diminuir o uso. Os objetivos estão articulados com: a Identificação das atividades desenvolvidas pelos profissionais da saúde; o conhecimento da relação entre profissionais e usuários; a identificação das dificuldades que estes profissionais encontram no seu cotidiano para a sua atuação.
4. A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO ALCOOLISMO
A atuação do profissional assistente social tem papel relevante para o portador de dependência do álcool, seja no diagnóstico, no tratamento e reintegração na família.
O trabalho do Serviço Social inserido em dispositivo de saúde mental requer criatividade, competência e comprometimento ético-político, no sentido de intervir de modo qualificado, diante das demandas dos seus usuários, no entanto, é preciso cautela para não realizar um serviço terapêutico, pois tal atribuição não condiz com as competências e atribuições do serviço social na atualidade (CFESS, 2010).
Serviço Social, enquanto profissão de investigação, intervenção, deve compreender a família e a sociedade, e as diversas mediações que permeiam a instituição, dando voz ao sujeito no social e na esfera política. A saúde pública brasileira contemporânea, direito de todos e dever do Estado (BRASIL, 1990), exercida através do SUS (Sistema Único de Saúde), é resultado do confronto direto entre os interesses inconciliáveis de classe, fruto da conquista histórica dos trabalhadores. Isso especialmente por conta de seu caráter ineditamente universal, que outrora era contributivo (FIOCRUZ, 2018). O trabalho na saúde é importante na formulação de melhorias sociais visando o bem-estar pautado no direito do cidadão, na prevenção e criação de programas e políticas voltadas para melhorias numa visão que respeita o direito a saúde, participação no social, no trabalho, na política, dentre várias outras questões.
O principal instrumento do assistente social é a linguagem, alcançando um objetivo essencial: a ação direcionada, com perspectivas de continuidade da vida para além do discurso da doença, uma promoção da saúde no seu sentido lato. Esta se torna a dimensão política do seu trabalho, produzindo relações sociais, agregando afetividade às relações humanas e demostrando a potência das suas ações (SODRE).
5. CONCLUSÃO
O assistente social desenvolve, em nossa sociedade, um papel importante para o dependente químico e seus familiares. Seu objetivo é proporcionar ajuda profissional, resgatando o usuário de álcool para a uma vida com dignidade, pautada em direitos e deveres de cidadania.
O exercício do vínculo em família faz-se necessário devido à fragilidade emocional, social, causando em alguns casos, conflitos interpessoais, dificultando o convívio entre todos.
O serviço social garantirá os direitos do usuário e seus familiares, após uma leitura das principais demandas do usuário de álcool, no intuito de integrá lo em programas de redes psicossociais e assistenciais, acompanhando e observando para não ocorrer o abandono do tratamento. É necessário pensar em práticas multidisciplinares, bem como em estratégias que contribuam com a adesão, buscando espaços e agentes facilitadores para a realização das ações necessárias. Dessa forma, todos os sujeitos envolvidos no tratamento do dependente químico podem contribuir para a eficácia da recuperação total da saúde mental, física, social, espiritual, familiar e de trabalho.
6. REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. p. 31-86.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (Chefes). Serviço Social e Reflexões Críticas sobre Práticas Terapêuticas. Brasília, DF: Chefes, 2010. Disponível em:< http://www.cfess.org.br/arquivos/doc_CFESS_Terapias_e_SS_2010.pdf. > Aces so em: 04 maios. 2022, 15:52.
DUARTE, P. C. A. V. Redução de danos no ambiente de trabalho. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Álcool e Redução de Danos: uma abordagem inovadora para países em transição. 1. ed., Brasília, 2004.
MORAIS, G. T. B., PILATTI, L. A. Alcoolismo e as Organizações: por que investir em Programas de Prevenção e Recuperação de Dependentes Químicos. In: Enegep 2004. Florianópolis: ABEPRO, 2004. p. 2477 – 2484.
FIOCRUZ. Segundo grande debate do Abrascão aborda os desafios do SUS em tempos de austeridade. 2018. Disponível em: Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/2o-grande-debate-do-abrascao-aborda-os desafios-do-sus-em-tempos-de-austeridade Acesso em: 14 maio 2021.
GIGLIOTT, Analice; BESSA, Marco Antônio. Síndrome de Dependência do Álcool: critérios diagnósticos. Revista Brasileira de Psiquiatria. v.26, n.1, p. 11- 13, maio. 2004. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/rbp/v26s1/a04v26s1.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2014.
SODRE FO. Serviço Social entre a prevenção e a promoção da saúde: tradução, vínculo e acolhimento. Serv. Soc. 2014 jan – mar; 117: 69-83.
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Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. E-mail: adrins@terra.com.br. Colunista do Factótum Cultural.
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