Humana, Demasiado Humana
Por Illyana Magalhães

Falar sobre Lou, é como se fôssemos falar sobre poesia. Ousadia, excepcionalidade, generosidade, humanidade, inteligência e espontaneidade eram as características essenciais de Lou Andreas Salomé, filósofa e escritora na qual devastou o coração de vários filósofos, incluindo um dos maiores filósofos contemporâneos, Friedrich Nietzsche.
Dotada precocemente pela ânsia do saber, a adolescente se dedicara às leituras de Descartes, Pascal, Voltaire, Rousseau, Schopenhauer e Kant a ponto de adoecer profundamente. Considerada um “gênio” à altura, Lou Andreas vai além dos ensinamentos superficiais escolares e destaca-se sobremaneira, possuindo características intelectuais que a enalteciam frente aos demais.
Toda sua vida fora dedicada a leitura, a escrita, ao prazer de viver, a especializar-se junto com Freud à psicanálise. Amigas de muitos, considerada como um raio de sol por onde passava, Lou Andreas Salomé era considerada uma mulher apaixonada pela vida.
E nesta paixão pela vida, pela escrita, pela arte, poesia e cultura, Lou não deixou sua vida ser guiada por modelos pré-estabelecidos pela sociedade. Seguiu, junto ao seu amigo Paul Rée, munidos pela ânsia do saber, em busca de um local no qual pudessem criar, produzir, dar vazão à arte que brotava de suas mentes brilhantes.
Neste caminho do saber, Paul Rée apresenta Lou a Nietzsche que se apaixona pelo espírito curioso, pela beleza, conhecimento, astúcia e inteligência da bela moça que priorizava, acima de tudo, a sua liberdade. Embora tenha se casado oficialmente com o professor Carl Andreas, Lou Andreas fora vista com vários parceiros por toda Europa, traduzindo a sua completa feição à aversão pelos casamentos tradicionais.
Símbolo de dominação que exercia entre os homens, Lou infelizmente leva Nietzsche à loucura e Paul Rée ao suicídio. Ambos confundiram amor, quando na verdade a amizade se fazia presente em todos os momentos vividos entre a tríade.
Autora de vinte livros entre romances, poesias, peças de teatro e ensaios, incluindo uma centena de artigos e resenhas em revistas de filosofia e psicanálise, a escritora falece aos setenta e três anos, reconhecendo a alegria que a escrita lhe proporcionava, sendo esta inclusive a sua maior fonte de felicidade.

Illyana Magalhães, advogada escritora que vive pelo mundo em busca de conhecimento e fonte de viver. Colunista do Factótum Cultural.
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Excelente texto. 👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽
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