Um passo e um abraço
Por Gisele de Souza Gonçalves

O corpo é meu, mas demorei a entender.
As regras são minhas, mas me fizeram crer que não.
A maldade não tem hora nem lugar para acontecer,
Mas nos fazem pensar que a culpa é nossa, somente nossa.
Somos assediadas, diminuídas, excluídas, julgadas;
Na festa, no carro, no ônibus, na rua, nas rodas de conversa…,
Enfim, aonde mais for possível.
Quem de nós não? Eu gostaria mesmo de não saber o que é isso.
Mas não precisamos nos calar.
Sejamos irmãs de consciência e de compaixão.
Que as diferenças não nos separem,
Mas nos unam ainda mais por um motivo: sentir-se mulher.
Nós nos pertencemos.
E ninguém nos calará, ninguém nos tocará, ninguém nos intimidará (era pra ser assim).
Não! Não! Não!
Somos força, somos fortes.
E haverá um dia em que todas saberemos da força que temos.
Porque quando me pertenço, não me limito a nenhuma voz que queira me calar.
Porque quando me pertenço, reajo a qualquer humilhação que se queira praticar.
Quando me pertenço, não aceito que outras não tenham voz.
Marianas, Marias, Meninas, Mulheres,
Chega de dor e de morte, sejam elas da carne ou da alma.
Que saibamos nos proteger, e que aprendam a nos respeitar.
Porque nós mesmas nos livraremos das amarras a que nos querem forçar.
O caminho será um passo e um abraço a nós mesmas e a cada uma de nós.

Gisele de Souza Gonçalves. Professora e Doutoranda pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Mãe.
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