Ser Mulher x Saúde Mental: Um Desafio
Por Eloisa Maria Buzuti Marcolino

Sendo o mês de outubro destinado à conscientização sobre os cuidados com a saúde feminina, trago neste artigo uma reflexão acerca da temática, porém focada no contexto da saúde mental.
Pensando sobre as demandas que aparecem no consultório de psicologia percebi que predominantemente as mulheres tem buscado a psicoterapia, os objetivos são diversos, como: busca de autoconhecimento e qualidade de vida, resolução de conflitos familiares, transtornos psíquicos preexistentes que necessitam de acompanhamento psicoterapêutico, sintomas de depressão e ansiedade, etc.
Fica claro que as mulheres possuem diferenças biológicas e sociais que as tornam mais propensas a doenças psíquicas, passam por mudanças hormonais principalmente durante a idade fértil, são as principais vítimas de diversos tipos de violência, sofrem com a necessidade de desenvolver vários papéis no trabalho e no lar.
Pesquisas apontam que a saúde mental das mulheres brasileiras merece já há alguns anos uma atenção especial. Existem políticas públicas destinadas à saúde feminina como um todo, porém o acesso aos serviços não acontece de forma efetiva. Em minha experiência no consultório de psicologia vejo na prática isso acontecendo, há uma quantidade de mulheres que buscam o serviço privado por não conseguirem uma vaga para o acompanhamento psicológico na rede pública, há também uma parcela que chega através de projetos sociais em que trabalho. Acredito que temos uma rede privada disponível e completa, porém o público que acessa essa modalidade de serviços sem ter buscado a rede pública antes, inclui apenas aquelas pessoas que estão em as classes sociais mais elevadas.
Diante da pandemia do Covid-19, também está claro que as mulheres estão mais propensas à sobrecarga psicológica, neste momento o estresse e a ansiedade estão intensificados e as mulheres já possuem uma tendência ao acumulo de papéis, no trabalho e no lar como mencionei anteriormente, neste momento não há apoio da rede externa para o cuidado com os filhos, portanto, na maioria das famílias, a mulher está mantendo suas funções anteriores e também está responsável pelo cuidado com os filhos em praticamente 100% da rotina dos mesmos.
Em nossa sociedade a fragilidade foi atribuída à mulher por muito tempo, acredito que diante de todas as questões aqui mencionadas posso concluir que pra ser mulher e manter a saúde mental em dia, não é pra qualquer um, portanto as características que poderíamos atribuir às mulheres estariam relacionadas à força, resiliência, foco, etc.
Deixo aqui registrada uma postura de acolhimento, percebo que por mais que muitas lutas acerca do reconhecimento do papel da mulher na sociedade já foram vencidas, ainda há um longo caminho pela frente, o cuidado efetivo com a saúde da mulher e em especial com a saúde mental da mulher ainda é um objetivo sonhado.

Eloisa Maria Buzuti Marcolino, psicóloga/CRP 0824358, graduada pelo Centro Universitário Uningá, Gestalt-terapeuta em formação pela Escola Paranaense de Gestalt-terapia, atua como psicóloga clinica de crianças, adolescentes e adultos.
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