Por Adriano Nicolau da Silva

A história da humanidade sempre foi brindada. Desde os ritos ancestrais, o álcool se faz presente como o combustível das celebrações, o selo dos pactos e o alento dos encontros. No centro dessa engrenagem, surge a figura de Bizu: carismático e inabalável, ele é o maestro das taças, sempre pronto para orquestrar o início de mais uma jornada festiva. Enquanto Bizu já se levanta revigorado para o próximo brinde, os demais despertam sob o peso de uma ressaca impiedosa, tentando juntar os cacos da noite anterior.
O perigo, contudo, reside na linha tênue entre a celebração e a fuga. O que começa como um convite ao êxtase pode, sutilmente, transformar-se em uma arma voltada contra a própria vida. Para muitos, o copo deixa de ser um símbolo de união e passa a ser uma ferramenta de extravasamento desenfreado — um refúgio perigoso onde o adoecimento mental, emocional e fisiológico encontra terreno fértil para florescer. Nesse cenário, é fundamental exercitarmos o cuidado e o carinho por aqueles que se escondem atrás do copo. Como bem afirmou o psiquiatra Viktor Frankl: “O vício é a tentativa de preencher com substância o que só pode ser preenchido com sentido”.
Muitas vezes, sob o disfarce da euforia e do riso largo, esconde-se um pedido de socorro silencioso. É preciso ter resiliência e empatia para notar que nem todos vibram na mesma frequência. Devemos ter a sensibilidade de oferecer afeto e suporte, agindo com equilíbrio para administrar a disforia que invariavelmente surge na sequência da embriaguez. É preciso consciência para que o álcool não represente, no futuro, um estímulo discriminativo para desencadear traumas irreversíveis, mas que entendamos que a vida continua com a sabedoria de caminhar no caminho do meio. Assim, ajudaremos a nós mesmos e ao nosso próximo que padece no desamparo.
Finalizando, brindemos às nossas conquistas e aos encontros verdadeiros fundamentados na fé e na esperança de um mundo melhor. Que possamos trilhar uma vida abençoada, onde o propósito e o sentido de sermos verdadeiramente felizes guiem nossos passos. É o momento de festejar e alçar voos em direção a um futuro cheio de realizações, com saúde mental, física e espiritual. Que a solidariedade seja o grito de libertação das almas, permitindo-nos frutificar e estender as mãos aos que sofrem. Pois este é o maior motivo para celebrarmos: uma vida iluminada pelo sentido do amor.
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Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br
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