O perigo, contudo, reside na linha tênue entre a celebração e a fuga. O que começa como um convite ao êxtase pode, sutilmente, transformar-se em uma arma voltada contra a própria vida. Para muitos, o copo deixa de ser um símbolo de união e passa a ser uma ferramenta de extravasamento desenfreado — um refúgio perigoso onde o adoecimento mental, emocional e fisiológico encontra terreno fértil para florescer. Nesse cenário, é fundamental exercitarmos o cuidado e o carinho por aqueles que se escondem atrás do copo. Como bem afirmou o psiquiatra Viktor Frankl: “O vício é a tentativa de preencher com substância o que só pode ser preenchido com sentido”.

Muitas vezes, sob o disfarce da euforia e do riso largo, esconde-se um pedido de socorro silencioso. É preciso ter resiliência e empatia para notar que nem todos vibram na mesma frequência. Devemos ter a sensibilidade de oferecer afeto e suporte, agindo com equilíbrio para administrar a disforia que invariavelmente surge na sequência da embriaguez. É preciso consciência para que o álcool não represente, no futuro, um estímulo discriminativo para desencadear traumas irreversíveis, mas que entendamos que a vida continua com a sabedoria de caminhar no caminho do meio. Assim, ajudaremos a nós mesmos e ao nosso próximo que padece no desamparo.

Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br

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