LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABC – Antecedente, Comportamento, Consequência

APAAmerican Psychiatric Association DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

ISRS – Inibidores Seletivos da Reabsorção de Serotonina

TCC – Terapia Cognitivo-Comportamental

RESUMO O presente artigo analisa a aplicação da TCC no tratamento da depressão. Discute-se como a fragmentação do “eu” na pós-modernidade elevou a psicoterapia a uma necessidade vital. O texto explora a etiologia da patologia, integrando neurobiologia e reestruturação cognitiva, e aborda o florescimento humano via Psicologia Positiva.

Palavras-chave: Terapia Cognitivo-Comportamental. Depressão. Neuroplasticidade. Saúde Mental.

ABSTRACT This article analyzes the application of CBT in the treatment of depression. It discusses how the fragmentation of the “self” in post-modernity elevated psychotherapy to a vital necessity. The text explores the etiology of the pathology, integrating neurobiology and cognitive restructuring, and addresses human flourishing via Positive Psychology.

Keywords: Cognitive-Behavioral Therapy. Depression. Neuroplasticity. Mental Health.

1 INTRODUÇÃO

A consolidação da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) no cenário acadêmico brasileiro evidenciou-se na década de 1990, fundamentada no behaviorismo radical e na psicologia cognitiva. Ao longo de três décadas de prática clínica, observa-se que a psicoterapia tornou-se essencial, visto que a pós-modernidade trouxe avanços tecnológicos acompanhados de uma fragmentação do “eu”. O autoconhecimento, portanto, deixa de ser um luxo para tornar-se uma necessidade vital para a reconexão entre emoção e comportamento.

2 FENOMENOLOGIA E BIOLOGIA DA DEPRESSÃO

A depressão é uma condição que compromete profundamente a homeostase psicofisiológica. Conforme indicado pela Associação Psiquiátrica Americana (2014), ela se manifesta via humor abatido, anedonia e fadiga persistente. No campo científico, observa-se que tais quadros envolvem alterações no sistema límbico, como no hipocampo, além de reduções na disponibilidade de neurotransmissores como serotonina e norepinefrina, conforme aponta Baptista (2018).

Essas alterações podem se manifestar como transtorno depressivo maior ou distimia, frequentemente acompanhadas de fobias sociais.

Quando a vulnerabilidade biológica interage com um ambiente desafiador, ocorre a formação de uma autoimagem negativa que inibe o potencial intelectual do indivíduo.

3 INTERVENÇÃO MULTIMODAL

A psicofarmacologia moderna atua na restauração do equilíbrio cerebral por meio de substâncias que regulam a química neural. No entanto, é necessário destacar que o medicamento foca no transtorno, enquanto a psicoterapia foca na pessoa. Segundo os princípios da área, o fármaco prepara o substrato biológico para que o processo terapêutico possa promover a adaptação do indivíduo ao seu “novo eu” pós-estabilização.

4 O MODELO COGNITIVO E A GESTÃO DA MENTE

A TCC postula que a perturbação emocional não decorre dos eventos em si, mas da interpretação que o sujeito faz deles, como define Beck (2013). Através do questionamento socrático e do modelo ABC, é possível identificar e reestruturar crenças disfuncionais formadas precocemente. A mudança é estrutural, atingindo os níveis mental, comportamental e social.

A neuropsicologia corrobora essa possibilidade de mudança ao demonstrar que o cérebro é dinâmico e a neuroplasticidade permite que novos aprendizados criem sinapses, alterando tanto a cognição quanto a química cerebral, de acordo com Silva (2018). Assim, ser um “empresário da própria mente” significa harmonizar o córtex pré-frontal com o sistema límbico para gerir as próprias decisões de forma clara.

5 PSICOLOGIA POSITIVA E LIDERANÇA PESSOAL

Ao contrário do foco exclusivo na patologia, a Psicologia Positiva busca valorizar as virtudes e forças humanas. De acordo com Seligman (2004), o florescimento humano ocorre por meio do cultivo de emoções positivas, engajamento (flow) e propósito. Essa inteligência pessoal e emocional, discutida por Goleman (1995), torna o indivíduo apto a liderar a própria vida, gerindo pressões e feedbacks de forma resiliente e criativa.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A vivência clínica corrobora a convicção de que o processo de reinterpretação da mente, do cérebro, do corpo, bem como a saúde espiritual e a alegria são frutos da habilidade de investir no tratamento psicoterapêutico com o objetivo de reconhecer a própria identidade. A psicoterapia atua como um guia para essa viagem de transformação. Mesmo que a ciência forneça os instrumentos, a busca pela melhor versão de si é uma decisão constante do indivíduo, baseada na serenidade da razão, do afeto e do comportamento.

REFERÊNCIAS

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.

BAPTISTA, M. N. Suicídio e depressão: atualizações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

GOLEMAN, D. Inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.

SELIGMAN, M. E. P. Felicidade autêntica. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br

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