por Adriano Nicolau da Silva
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Este texto examina a cultura a fim de destacar a relevância da educação do indivíduo na interação com o ambiente ao seu redor. A influência da cultura no desenvolvimento psicológico e social está sendo estudada atualmente visando compreender como ela interfere nas funções psíquicas. A cultura está diretamente ligada à história, arqueologia, antropologia e psicologia, assim, de forma dinâmica e espontânea, o homem, nas suas relações, sempre está produzindo cultura. Na ciência da psicologia, o estudioso Russo, Vygotsky teve a preocupação de questionar, diversas vezes, as condições sociais influenciando o desenvolvimento do ser humano no campo subjetivo e deixou bem claro que:
Toda a cultura é social. A cultura é um produto da
convivência social e da atividade social do ser humano.
Sendo assim, a definição do problema do desenvolvimento
cultural do comportamento nos leva diretamente ao plano
social do desenvolvimento. (Vygotsky, 1995:150-151)
Esse teórico deixou uma herança filosófica do materialismo histórico dialético. Além disso, é importante salientar que a nossa sociedade é extremamente acelerada, o que dificulta a apreciação da cultura, destacando o fenômeno de separação entre indivíduos e instituições.
Estamos enfrentando uma situação de incerteza com a desvalorização crescente da nossa cultura. De acordo com a OMS, a sociedade está sem identidade e estamos pagando um preço elevado. O Brasil é o país com a maior incidência de doenças mentais, de acordo com a pesquisa Data/SUS de 2024. A educação deveria capacitar as pessoas a desenvolverem a autonomia emocional, os direitos culturais, a ordem social e as relações humanizadas baseadas na cidadania, com participação ativa na sociedade. Ao analisarmos a história humana, com foco na valorização da cultura, encontraremos o iluminismo, um movimento intelectual que surgiu na Europa e teve um grande impacto cultural no século XVIII, denominado “século das luzes”. O objetivo do Iluminismo era transformar a política, a economia e a sociedade da época e teve um impacto significativo na esfera intelectual e política de grande parte dos países ocidentais. O Renascimento marcou o movimento iluminista em termos de arte, cultura e ciência.
Os renascentistas acreditavam que a ciência e a lógica eram os pilares para a compreensão do mundo, argumentando que a razão é capaz de ver Deus presente na natureza e no ser humano. É importante notar que, apesar de os iluministas terem falado sobre a igualdade entre os homens, isso nunca foi absoluto, pois defendiam a igualdade entre as pessoas, mas somente para beneficiar a burguesia.
É possível notar esse discurso nas instituições públicas e privadas, visando privar a população da sua capacidade de pensar e agir com criatividade. No século XXI, surgiram novas maneiras de ensinar e compreender a cultura e a história. A educação no Brasil e o ensino de História estão investindo em iniciativas para incentivar a continuidade dos estudos fora da educação básica e a construção de uma escola democrática e plural, tendo em vista a complexidade, diversidade e disparidade entre as camadas sociais. As publicações sobre ensino e aprendizagem de História evidenciam uma variedade de tópicos, problemas, abordagens e fontes relevantes para o ensino de História, produzidas por diferentes agentes: professores, historiadores, educadores e produtores de materiais em diferentes ambientes educacionais. Fonte: (FONSECA, 2010, p.1)
Mais do que procurar uma uniformização, devemos considerar todas as discussões e debates em busca de um ensino de valorização da cultura que “se não pode ensinar toda a história cultural”, mas que também não deixe de lado a contribuição dos diferentes sujeitos que podem nos informar sobre as ações humanas no passado.
A cultura é a expressão da presença humana no mundo através das suas criações artísticas, culturais e intelectuais. Vaz (1966, p.5) sustenta que a única forma de compreender o mundo é através da cultura, o que permite uma definição completa do homem.
A transição do mundo natural para o mundo cultural ocorre por meio da criação cultural, quando o ser humano se realiza e se desenvolve no ambiente humano com consciência de si. Por meio da cultura, o ser humano é capaz de se expressar e se realizar como indivíduo. É crucial destacar que a cultura é a trajetória do ser humano e as suas conexões com o meio ambiente, reforçando a importância da identidade pessoal na comunicação global. Além disso, a cultura incentiva a compreensão dos símbolos sociais, normas sociais, valores sociais e a forma de ver e agir no mundo.
A opinião de Ruth Benedict (1934, p. 13) é que.
Interessa para o antropólogo a vasta gama de
costumes que existem em culturas diferentes, e o
seu objeto é compreender o modo como essas
culturas se transformam e se diferenciam, as formas
diferentes por que se exprimem, e a maneira como
os costumes de quaisquer povos funcionam nas
vidas dos indivíduos que os compõem.
Sendo assim, considerar a cultura na totalidade é uma forma de superar as suas barreiras, oferecendo um elemento adicional que possa contribuir para a sua permanência ou transformação.
Dessa forma, conforme a autora Chauí, não se deve estudar uma cultura sem analisar as determinações que a constituem e as ideologias às quais está sujeita, além de considerar a influência da sociedade no progresso cultural, presente na sua simbologia. Acreditamos que a cultura atual precisa se libertar das amarras do preconceito, discriminação, poder abusivo e perseguição, através da história pública.
Portanto, ressaltamos a importância de investigar as fontes materiais, em conjunto com outras fontes, como as escritas, a fim de representar as pessoas anônimas, exploradas e subalternas. Essas são, na realidade, a grande maioria da população e estão excluídas do poder público e da cultura, mas não da História, onde estiveram e continuam imersas.
Referências.
CHAUÍ, M. e MORAIS, F. A teoria, na prática, e outras, teoria & Debate, n. 13, jan., 1991, pp. 42-53.
LIMA VAZ, H.C. Ideologia e verdade. Revista de Cultura Vozes. Petrópolis, v. 60, 1966.
BENEDICT, R. s/d. Padrões de Cultura. Lisboa: Edição “Livros do Brasil” (1ª parte: pp. 13-70; 3ª parte: pp. 247-304). (Apenas 1ª parte. Disponível em: Acesso em: 10 jul. 2017.
Vygotsky, Lev S. (1995). História del Desarrollo de las Funciones Psíquicas Superiores. Em Lev S. Vygotsky. Obras Escogidas. Tomo III. Madri: Visor/MEC.
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Adriano Nicolau da Silva, Psicoterapeuta, Neuropsicopedagogo e Neuroeducador. Graduado em Psicologia e Filosofia. Especialista nas áreas de educação e clínica. Uberaba, MG. Colunista do Factótum Cultural. E-mail: adrins@terra.com.br.
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