por Leandro Karnal

O senso comum define liberdade como “fazer o que se tem vontade”.
Um mundo livre seria aquele no qual se pode comprar o que se deseja, dormir a qualquer momento e em qualquer quantidade de tempo e ter contatos amorosos de todas as formas ditadas pelo desejo.
Alguns filósofos acreditam que essa liberdade é um tipo de escravização ao desejo.
Se a vontade atendida é liberdade, o estuprador seria um bom modelo de autonomia.
Logo, o controle de si seria, para alguns pensadores, a verdadeira felicidade. Assim:
“Sou livre porque faço o que é necessário e não apenas o que eu quero”.
Para teóricos das regras do belo clássico, por exemplo, o pênis pequeno de algumas imagens (ou desproporcional a corpos musculosos grandes) é a defesa de que um homem de verdade é aquele controlado pela cabeça de cima.
Os faunos, os sátiros e outros seres mitológicos, dominados pelo impulso sexual, são mais animais do que humanos e podem ter um pênis grande nas representações.
Para a Filosofia, a liberdade pode ser focada em vários pontos.
Diógenes, por exemplo, achava que era a liberdade de nada possuir e estar alheio às algemas de uma sociedade desigual: “Quanto mais eu tenho, mais eu serei preso ao medo de perder ou ao afã de expandir minhas posses”.
Suponho, por vezes, que com dezesseis anos eu, Leandro, era mais livre do que aos sessenta. Motivo: o que me prendia eram os adultos. Hoje, sei que as algemas possuem minhas iniciais.
Afinal, o que é liberdade?
Texto adaptado do artigo “Liberdade”, publicado no jornal Estadão.
Um grande abraço!
LK e Equipe K.





