por Leandro Karnal

O futuro demanda, mais do que nunca, pessoas criativas.

É comum em praticamente todas as descrições de vagas, ou qualquer manual profissional e cursos de aperfeiçoamento, o bordão: criatividade.

O motivo é bem simples: as funções repetitivas e mecânicas estão, cada vez mais, a cargo de algoritmos e robôs. Como consequência disso, o trabalho físico tende a ser menos requisitado e pior remunerado – por conseguinte, pouco atrativo.

A pressão pelo desenvolvimento da criatividade aumentou. E, se alguém não tiver ideias, será obrigado a trabalhar para quem apresentá-las.

Surgem algumas dúvidas: o que é ser criativo? Como podemos aumentar nossa capacidade de inventar?

Vamos à um exemplo de gênio das novas ideias: William Shakespeare.

Você sabia que, das 37 peças assinadas pelo escritor inglês, 36 vieram de enredos copiados? Isso mesmo, foram transcritos de outra fonte.

Esse exemplo nos mostra que a criatividade não é a ideia extraordinária surgida do nada, mas uma capacidade de recriar partes parcialmente concebidas por outra pessoa.

O documentário A Mente Criativa (Netflix) trata da habilidade humana de dar respostas mais complexas do que as dadas pelos animais.

Nosso córtex pré-frontal permite um maior distanciamento entre estímulo e resposta (input e output). Assim, diante de percepções variadas, somos reativos de formas muito distintas.

Como máquina eficaz, o cérebro humano tende a repetir caminhos para poupar força.

O documentário indica que, para sair da repetição e entrar na zona criativa, devemos forçar essa “tendência”, e buscar soluções e caminhos menos fáceis.

A criatividade não é um dom natural que teria sido dado a alguns.

Ela implica fatores como:

  • Atenção
  • Estímulo
  • Superação do medo de errar
  • Informações variadas
  • Práticas
  • Aprendizado (especialmente com equívocos passados.

Junto a esses caminhos, a criatividade não dispensa o conhecimento técnico e o aprofundamento na área de algum saber.

Leonardo da Vinci tentou misturar antimônio em algumas tintas para obter mais brilho. O experimento acabou sendo um desastre. O mestre quis fugir da tradição usual do afresco e aplicou a nova técnica na pintura da Última Ceia, na Igreja de Santa Maria delle Grazie, em Milão. Mas a inovação condenou a obra a um desgaste precoce.

Última Ceia (1495 a 1498), de Leonardo da Vinci.

Os erros de Leonardo foram um ônus de suas experimentações . Ao mesmo tempo, o resultado da sua coragem e ousadia chama-se Leonardo da Vinci.

Ousadia sem insanidade, capacidade de quebrar barreiras pessoais, tomada de riscos, busca de conhecimentos novos em áreas distintas e sólida formação são ingredientes que podem ajudar na constituição de um caminho criativo.

Deixo aqui um pequeno itinerário para estimular a sua criatividade, a de seus filhos, alunos, ou companheiros de trabalho:

1) Realize atividades de formas distintas do usual, buscando novas soluções; 

2) Desafie-se com um conhecimento novo ou um setor do saber que até então era evitado (talvez música? um pouco de matemática? ou quem sabe a dança?); 

3) Pense nas coisas tradicionais combinadas em novas funções

4) Aceite o erro como o maior professor possível;

5) Conheça a fundo alguns dados para pensar sua estrutura – a superficialidade é inimiga da criatividade.

Permita-se pensar, reagrupar o que eu sugeri, rejeitar alguns itens (ou todos). 

Conhecer o “estado da arte” é saber muito sobre algo e, a partir disso, propor soluções distintas

Trata-se da clássica combinação de transpiração com inspiração.

Um grande abraço e uma semana com muita criatividade, cheia de novas ideias!

LK e Equipe K.

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